dois mecos à conquista da velha estrada N2, ou a minha melhor aventura a pedais

“Estou pensando seriamente fazer a Nacional 2 numa de recreativa (Chaves/Faro) lá para Setembro, estou disposto a fazê-la sozinho, mas com uma companhia de + um, dois ou três, mais agradável seria. Vamos lá”

 O jovem Jacinto lançava assim o desafio e eu vacilei, mas não foi logo ao primeiro toque. “Anda mas é comigo à N 2…”. Ora, estando eu de férias, a minha participação na aventura exigia que outros astros se alinhassem. Fui matutando a ideia e, depois de assegurar alguns aspectos importantes para o êxito da coisa, lá me deixei levar pelo desvario de pedalar os 738 quilómetros de extensão da Estrada Nacional 2 em quatro dias, a uma média superior a 180 km pedalados por dia. Foi mais ou menos isso que contrapus aos planos iniciais do Jacinto, a de ir “numa de recreativa”, mas sei que exagerei.

Desde que li a primeira crónica das muitas proezas pedaladas por outros da mesma espécie ao longo da estrada mais extensa do país, a terceira mais longa do mundo, dizem, depois da americana Route 66 e da argentina Ruta 40, que este vosso cicloturista fervilhava na vontade de ir somar os 739 mecos da velha estrada, começando no zero. Sair à descoberta do país, pedalar pelos alcatrões, buracos e paralelipípedos da mítica EN2.

Esta é a crónica da minha maior melhor aventura a pedais, descrevendo as motivações, estímulos e sensações vividos numa estrada cheia de singularidades.

Preparações e demais questões

Não tive de fazer uma preparação física específica porque uso diariamente a bicicleta, como meio de transporte e como a melhor forma de me manter em forma. A exigência seria rigorosa, sabia-o à partida, mas a minha expectativa superava qualquer acumulado montanhoso. O móbil seria encontrar o melhor ritmo e desfrutar o momento. Percebi o Jacinto algo receoso dos muitos quilómetros programados para tão poucas etapas. Nos dias antecedentes à partida eu lá o ia descansando, recorrendo aos argumentos económicos: “Quanto menos pernoitamos, mais poupamos”. Mais à frente, após os primeiros prémios de montanha, ia-o animando: “Seguimos ao teu ritmo e quando lá chegarmos, chegamos!”. Mas isso não o descansava e não o poupava, nem as pernas nem o seu joelho direito.

Para chegar ao ponto de partida, em Chaves, foi inevitável o recurso ao automóvel – Carla, mais uma vez o teu maridinho te agradece toda a abnegação e afeição que dedicas à modalidade que tanto adoras, o ciclismo. No momento da primeira volta ao pedal, do quilómetro zero em diante, a viagem seguiria em autonomia, sem peneiras nem geringonças. A malinha Carradice carregava a roupa necessária e o kit de sobrevivência mecânica. Com as cábulas “à mão” e os olhos nos mecos da estrada, parar-se-ia onde nos desse a fome, tivessemos sede, houvesse um motivo fotográfico ou uma pane qualquer.

O dia para pedalar, a noite para dormir. As pernoitas foram previamente marcadas. A primeira e segunda noite seriam em Viseu e Abrantes, escolhas motivadas pela disponibilidade mais económica que as Pousadas da Juventude oferecem, a uns módicos 14€ por beliche, com direito a pequeno-almoço. Para a terceira noite previ um pequeno luxo, iriamos descansar as pernas numa pequenina casa, tipicamente alentejana, na vila do Torrão. Para o último dia, e uma vez chegados a Faro, previa a chegada para as 17h, compraríamos os bilhetes para o comboio IC das 17h56 e regressaríamos ao Porto. Não pré-comprei os bilhetes por mera incerteza da hora de chegada.

Assim, no dia seis de Setembro lá fomos nós os dois “descer” a N2, estrada património que rasga o país real, de alto a baixo e se cruza sinuosa com os caudais de onze rios, ondula ao sabor de quatro serras, se estende por onze distritos e atravessa trinta e dois concelhos. Um tesouro esquecido que liga Chaves a Faro, uma estrada inteira, nacional, elevada, preservada, desclassificada, presente, e em alguns locais escondida de toda a gente.

Dia 1: Chaves – Viseu (174 mecos à beira da estrada)

Começa-se numa singela rotunda algures na cidade flaviense. No seu centro, o original marco quilométrico branco com os dizeres N2, vários autocolantes motards e um rotundo zero, marca o arranque desta nossa viagem etnográfica. Um meco tão famoso, tão simbólico, tão certo como o seu irmão que aspirávamos alcançar, 738 quilómetros depois.

Chegamos lá pelas 10 horas, mas antes da foto da praxe e do sapato no pedal fomos forrar os estômagos. Despedimo-nos da nossa motorista e fotógrafa de ocasião, espetei um autocolante evocativo no meco 0, dei inicio ao registo stravico (dia 1); (dia 2-1ªp); (dia 2-2ªp); (dia 3); (dia 4); (extra-bónus) e saímos logo de seguida. Seguimos para sul, devagar e a divagar.

Dali até Vila Real, passando Vidago, Pedras Salgadas e Vila Pouca de Aguiar, a antiga linha ferroviária do Corgo, adaptada a ciclovia, segue, amiúde, em paralelo com a estrada. Aproveitando o bom tempo, experimentávamos as pernas pela região do Alto Tâmega, entre as Serras do Alvão e de Paradela. Em Vila Pouca fui traído pela sinalização, errando assim o trajecto original da N2 que pretendia seguir e que passa pelo centro da vila. O mesmo se passa em muitas das cidades e vilas que a estrada atravessa. Primeira paragem em Vila Real para atestar.

Até passarmos Cumieira, a estrada volta a elevar-se. Chego ao meco 69 e resolvo parar para esperar pelo Jacinto, ciclista e poeta a caminho do marco dos 70. Estamos a poucos dias do nosso amigo “septuagenar” e quis tirar-lhe o boneco para o lembrar disso. Então, encosto a bicla ao famoso meco quilométrico, preparo a tele-objectiva, registo a passagem do nosso jovem, dou dois passos atrás e… zás! Dou por mim a cair no vazio. Enfiei-me num boeiro aberto na berma e escondido pela erva seca. Ainda meio atarantado saio dali com uma perna esfolada e escoriações nos braços. Das cenas trágico-comédias da nossa viagem, esta foi a comédia.

Santa Marta de Penaguião e a entrada no Alto Douro Vinhateiro é sempre um momento alto de qualquer roteiro. A sinuosa N2 flutua agora acima dos socalcos até mergulhar em direcção ao rio. O Douro passa a dominar as vistas e a estrada desenha-se por entre a paisagem única, modelada pelo homem ao longo dos anos. São quilómetros de um desfile panorâmico, de vinhas encrespadas nos sucalcos, tons esverdeados do vinhateiro, de muitas quintas que se explanam pelas encostas, o que valeu à região a nobre distinção de Património Mundial da UNESCO. Sob a velha ponte metálica, que no presente é ponte pedonal, o Douro segue o seu curso até ao Porto e nós seguimos para sul, rumo ao Algarve.

Do Peso da Régua ao alto de Bigorne, por longos 33 quilómetros, a velha estrada apruma-se, e bem. O primeiro lanço da longa subida até Lamego o dueto cicloturista já havia outrora pedalado junto, no breu da noite de uma famigerada Flèche dos Randonneur de Portugal. Desta feita o sol cobrava-nos o privilégio das panorâmicas e espremia-nos em suor. Dos sete blocos cúbicos múltiplos de cem plantados pela N2, o primeiro desses míticos marcos surge em Sande, às portas de Lamego. Feito o registo, saí dali enfartado com a deslumbrante vista do que ficou para trás.

Estava na hora de reabastecer e o Jacinto não escapou à famosa e saborosa bola de Lamego, nem à paralelepipédica subida do monte de Santo Estêvão que contorna o Santuário da Senhora dos Remédios. “Eu sei Jacinto, é sempre a subir, que remédio!”

Ali, ao quilómetro 114 da N2, é a freguesia da Magueija, concelho de Lamego. Há muitos anos, dali emigraram Dimas e Graziela para Vila Nova de Gaia, onde criaram uma numerosa e linda família, a qual, anos mais tarde, me acolheu no seu seio por via do matrimónio.

Após o topo, nos 971m de altitude da serra de Bigorne, a maior elevação por onde a N2 passa, usufruímos da contemplação da Serra de Montemuro, Rota do Românico, e do planalto beirão. Planámos numa descida rápida e saborosa para Castro Daire, terra do Bolo Podre. Transposto o Rio Paiva estão de volta as subidinhas. “Ufa… isto é só subir”, reclamava o Jacinto!

“Indo eu, indo eu a caminho de Viseu”… entretanto caía a chuva e trovejava do céu! Foi com o inconfundível odor do asfalto quente e molhado que iniciamos a ultima inclinação do dia, de Calde a Bigas, com a A24 a roncar por perto. O suor escorria da testa e atraía as moscas que pairavam defronte dos óculos. Dava para perceber a monotonia da cadência, e foi já às portas da cidade de Viriato, com o relógio a bater as 20h, que nos detivemos no primeiro restaurante que surgiu para atacar um bom bacalhau com natas.

Nova chuvada atrasou-nos a saída para cumprir os poucos quilómetros que nos separavam do merecido descanso, e antes mesmo do check-in na Pousada da Juventude de Viseu, andámos à nora pelo centro da cidade à custa da barafunda provocada pela Feira de São Mateus. Talvez pelo estímulo da cafeína, pela janela entreaberta do quarto, pelo ronco do vizinho de beliche, tudo junto, quase não preguei olho a noite inteira.

Dia 2: Viseu – Abrantes (uns loooongos 230 km’s)

Nove da matina, pequeno-almoço reforçado e estávamos de novo no selim como meros ciclistas urbanos no frenesim rodoviário da hora de ponta viseense. Este seria teoricamente o dia mais complicado, não apenas pela distância, mas sobretudo pela difícil navegação que teríamos de superar.

A rota passa pela freguesia de Fail, e eu na brincadeira dizia-lhe: “É sempre em frente Jacinto, não há que falhar”. Pois… A bucólica mata que se atravessa no nosso caminho trouxe de volta os mecos na berma da estrada e a paz necessária para colocarmos a conversa em dia. O IP3 e a ciclovia do Dão farão agora parte contrastante do panorama. À passagem por Tondela, a paragem técnica na Pastelaria Rosicar foi bem adocicada pela simpatia das funcionárias.

Na ausência do defunto marco quilométrico dos 200 km’s, sacrificado ao traçado do IP3, registo o primeiro sobrevivente em combate que me aparece. Nada mais a assinalar até Santa Comba, a não ser a visão desoladora das vastas plantações de eucaliptos, aqui e ali devastados pelos incêndios que fustigaram a região centro no ano passado.

Depois de Santa Comba Dão a N2 vendeu a alma ao criador. A ponte com o nome do ditador, por onde passava a N2, ficara submersa pelas águas do Mondego há mais de três décadas na sequência da construção da Barragem da Aguieira. Não nos restando  melhor alternativa, para continuar tivemos de nos amanhar pela sensaborona EN234, para antes de Mortágua tomar a EN228 em direcção à Barragem da Aguieira, onde o seu pontão nos permite a travessia.

Até Penacova a N2 transforma-se em IP3 e mais à frente, perto de Oliveira do Mondego, o Itinerário Principal corta-nos o caminho. A solução para o evitar é percorrer por poucos metros um estradão de terra, tomar um atalho por uma ladeira, subir para depois descer à margem do Mondego. Mais à frente vamos retomar a N2.

É neste ponto do atalho que vem a parte “trágica” da comédia. Talvez resultado da falta do almoço, mesmo com o roteiro bem estudado, a desorientação foi completa. Não li bem a cábula e cometi um grave erro de navegação, virando onde não devia. Com esse equívoco perdemos uma boa hora às voltas, a subir e a descer, até perceber que havíamos voltado para trás. Pronto, dei cabo do Jacinto!

Após passar pela aldeia de Raivas, às portas de Penacova, e, sem avisar, recomeça a N2. Despedimo-nos do Mondego e começa a ascenção para Vila Nova de Poiares. Com a paragem para comer alguma coisa à sombra de um belo fontanário, percebi que estava a ser cada vez mais penosa a progressão do meu companheiro. Ainda com centena e meia de quilómetros para o final da jornada, veio a constatação e uma difícil decisão. O joelho lesionado do meu companheiro de route não lhe dava tréguas. Resignado, o Jacinto teve de abdicar do resto da aventura. Depois de Poiares, na rotunda com a EN17, o último ponto de fuga, despedi-me do Jacinto que rumou em direcção a Coimbra-B para apanhar o comboio de volta a casa. Desse ponto em diante, foi uma longa pedalada a solo, nada a que não esteja habituado.

A N2 segue sinuosa e empinada pela Serra da Lousã. Depois do lanche em Góis, conquisto-a numa diferente vertente. Na descida, registo a passagem pelo marco dos 300 km’s, em Alvares, terra queimada agora tingida pelo verde-água do eucaliptal que rebenta por geração espontânea. Entro depois numa zona menos nobre da N2, mais descaracterizada, valendo nesta fase a passagem por lugares com nomes indecorosos curiosos: a Picha e, logo a seguir, a Venda da Gaita!

É neste troço da N2 que encontro quatro bidons de água, novos e com resquícios frescos do líquido precioso. Ao que tudo indica foram atirados para a valeta por profissionais do ciclismo que participaram na recente prova Grande Prémio em Ciclismo da EN2! Para mim o ciclismo não deveria ter qualquer impacto na natureza, não só porque não há emissão de dióxido de carbono mas porque um dos propósitos dos ciclistas amadores é proteger e sensibilizar a preservação da natureza, não deitando lixo fora. Fruto da competição, os ciclistas em prova têm esse mau hábito de ir deitando lixo para a estrada, restos das embalagens e bidons de plástico. Sabemos que alguns desses bidons são depois recolhidos como lembranças por espectadores de ocasião, mas nem todos são encontrados e ficam por ali esquecidos em alguns pontos da estrada. Recolhi-os, amarrei-os à malinha Carradice e continuei até Pedrógão Grande.

Cruzo o Rio Zêzere pela imponente Barragem do Cabril. Voltam as montanhas, as encostas abruptas e a terra incendiada. Antes de chegar à Sertã, um episódio curioso. Após uma das curvas surge um duo a pedalar, uma senhora com uma saca de laranjas na mão e à sua frente um rapazito segue na sua bicla roda 16. Não resisto e tiro uma foto à paparazzi. Passo por eles e o rapazito segue a minha roda. Abrando e olho para ele, todo contente a admirar os bidons que trazia presos à mala: “Olha lá, queres ficar com um?” A cara do miúdo iluminou-se, acenou afirmativamente com a cabeça, e então atiro-lhe… “Dás-me uma laranja e eu dou-te um. Pode ser?”. Negócio feito.

Chego à Sertã mas não vou em frituras. Reconfortado com uma boa sopinha de ervilhas retomo a pedalada. Como havia referido antes, era minha intenção cumprir ao máximo o traçado original da velha estrada. Nas pesquisas preparatórias, os mapas do Tio Google podem dar origem a alguma confusão e equívocos. Na aplicação Strava o traçado original da N2 está descrito como “Antiga Estrada Nacional 2”, enquanto na aplicação googleana do Street View está erradamente identificada como EN244!!! Assim, logo após a travessia sob a Ribeira da Sertã, na rotunda, saí na primeira saída para o Novo Parque da Sertã e continuei. Não tem de enganar.

Trovões no horizonte e alguns pingos de chuva no lombo. Põe-se a noite. Vila de Rei marca o centro de Portugal. À passagem, tinha a intenção de fazer um pequeno desvio e visitar a pirâmide branca geodésica no Cume da Melriça, mas esta ficou lá, sem fotografia.

[para memória futura, fica reservado este espaço para a tal foto que falta da conquista do Centro Geodésico de Portugal!]

A estrada fica escura, e na rotunda à saída de Vila de Rei volto a falhar na intenção inicial de cumprir rigorosamente o traçado original que passa por Penedo Furado e por algumas das mais belas vistas da N2. Quando dei por mim estava a rolar na sua movimentada Variante para Abrantes. “Volto para trás?… pensei! Oh, que se lixe, não dá pra ver nada!”. A pressão do relógio, a fadiga e a vontade de chegar falaram mais alto.

Mergulhado no breu, no limite do fôlego, todos os possíveis estímulos começaram a actuar de uma forma inapelável. Adrenalina correndo nas veias, incertos contornos das curvas, a descida que abre o apetite de acelerar. A estrada torna-se mais agitada, torna-me vulnerável mas também muito mais rápido. Às 22h chegava à Pousada de Abrantes e, minutos depois de banho tomado e pizza deglutida, pude finalmente descansar.

Dia 3: Abrantes – Torrão (167 km)

Terceiro dia, o mais curto em distância. O céu cinzento espelha-se no Tejo. À porta da Pousada os carros de apoio da União Ciclista da Maia aguardam a equipa para mais uma etapa na Volta a Portugal ao Futuro. Puxo conversa com o staff, gabam-me a velha Goka, “destas já não se fazem”, e cravo uns pingos de óleo para a corrente. Depois de um mútuo “boa sorte” retomo a N2 junto ao meco 404, o mais próximo do marco das quatro centenas que me escapou. Depois do Tejo, depois de Abrantes, já nada será como dantes.

Sopra um vento fresco de frente e cruzo-me com pequenos pelotões de ciclistas amadores em treino matinal. Tomada a dose de cafeína, os neurónios e as pernas acordam finalmente. O sol começa a dar alguns sinais da sua graça. Rodei, rolei, subi, desci, sempre na maior das calmas. A paisagem muda muito outra vez. Sucedem-se as herdades, as ondulantes rectas e as tímidas curvas. Atravesso os primeiros montados com pequenas florestas de sobreiros e carvalhos. O panorama é soberbo e emocionante. Bemposta e Ponte de Sor para trás, à sombra de um sobreiro, em Água de Todo o Ano, uma paragem técnica, o local ideal para verter águas.

Em alguns momentos,  para além da passarada e do tic-tac da corrente nos desviadores, não se ouve nada. Entro na parte do roteiro onde a tranquilidade da paisagem nos oferece o melhor da região: a calmaria. A N2 guia-me agora ao longo da Albufeira de Montargil até à barragem que captura as águas que fluem do rio Sôr. Para quem viaja em modo “mochileiro”, o Parque de Campismo de Montargil é uma boa proposta, o local ideal para repousar e desfrutar das praias fluviais.

Em Mora, mora o Afonso, a dica onde seria a paragem para almoçar. Saindo na rotunda, à entrada da povoação, surge o restaurante onde me vou deliciar com uma das suas afamadas bifanas. Atenção, nesta parte do país as bifanas nada tem a ver com as nossas bifanas, as da Invicta, sandes de finas fatias de porco, ensopadas em molhanga picante. A bifana alentejana é uma fatia grossa e tenra de carne magnificamente temperada dentro de um pão. Uma dessas sandes, acompanhada da indispensável sopa, e a visão de uma foto num calendário preso à parede, tiveram o condão de me atirar de cabeça para o que ainda faltava vir.

Mal rodei as pernas e estou agora sentado no marco que assinala os 480 km. Desta rotunda adiante, e durante uns bons 40 quilómetros, a velha estrada preserva muito da sua originalidade. Este troço da nacional foi desclassificada para regional (R2) e assim permanecerá designada até entrar em Montemor-o-Novo. As pequenas aldeias caiadas de branco dão vida à região, também pelas tonalidades com que dão cor aos contornos das portas e janelas. Na mui antiga aldeia de Brotas páro junto a um mui antigo fontanário, datado de 1659, e encho os bidons com a fresca água que dele brota.

O panorama alentejano luzente, os planaltos dourados a aparecer de frente, a mesura sombreada dos pinheiros e sobreiros, a estrada estica e endireita. Acontece que a estrada porfia, é contagiante demais, e num tirinho chego ao Ciborro. Detenho-me defronte ao mítico marco quilomético 500, colocado em plano de destaque no topo de um muro. Do outro lado, no café de Ermelinda Miguel, o café “oficial” da N2, dizem, um grupo de motards ocupa toda a esplanada. Com a divulgação dos últimos anos percebe-se que a antiga nacional se tornou num pólo atractivo por estas bandas, e agora muitos turistas e aventureiros param aqui vindos em motos, vespas, carros clássicos e até bicicletas a pedal, imagine-se!

Em Montemor-o-Novo, a confluência de várias estradas dá-lhe algum bulício. Após paragem para uma bucha, continuo o meu caminho, só e tranquilo. De novo na estrada pelo coração do Alentejo, a paisagem muda gradualmente, de pequenos aglomerados de florestas e olivais para extensos campos de cereais, que se perdem nas colinas. Por aqui as bermas da N2 estão mal roçadas e o capim trigueiro tapa os mecos quilométricos. Perto de Santiago do Escoural uma visão funesta, uma plantação de eucaliptos!

Nas vastas herdades alentejanas muitos dos sobreiros foram recentemente descortiçados. Depois de arrancada a cortiça do tronco, o sobreiro apresenta uma cor avermelhada, que passa a castanho escuro à medida que as árvores vão regenerando a casca. Para se saber o ano em que tiraram a cortiça, os trabalhadores marcam na árvore a tinta branca o ano. Vacas, várias delas prenhas, e bezerros vagueiam pelos campos cercados, com pasto à disposição, sem receio de se aproximarem para “conhecer” o estranho visitante. Bem tentei mas não me responderam à pergunta pela Vaca Que Ri. É que um queijinho vinha mesmo a calhar.

Ao longo da estrada surgem várias indicações para monumentos de interesse histórico, e que mereciam um pequeno desvio para os contemplar, mas a pedalada prossegue a sua rota e a cabeça roda perscrutando tudo que o olhar alcança. A N2 atravessa o coração histórico da pequena aldeia de Alcáçovas. A rua de calçada portuguesa por entre o casario branco rodeado de cores vivas, guia-me ligeiro até à saída da aldeia.

Meia hora depois calco um piso empedrado e entro no centro da vila do Torrão, freguesia situada praticamente na união dos distritos de Setúbal, Évora e Beja. É lá que vou passar a noite, numa confortável casinha tipicamente alentejana. Muito bem recebido por Dona Antónia, experimentei a gastronomia da região e fui depois esticar as pernas por ali, de chinelos nos pés. Ficou a promessa de lá voltar.

Dia 4: Torrão – Faro (173.5 km mais um extra)

Domingo, sete da matina e nem vivalma. A estrada deserta, a moleza, as rectas e o típico nevoeiro alentejano! Um espesso manto de nevoeiro e alguma morrinha acompanharam-me boa parte da manhã pelo troço da N2 que nos finais do sec. XIX foi Estrada Real e em 1884 passou a Estrada Nacional nº 128.

Em Ferreira do Alentejo páro no Intermarché mas ainda estava fechado. Abria às 9 e como faltavam uns quinze minutos dou uma voltinha pela vila. Passados nem dez minutos volto lá e está agora apinhado de gente à porta, dando palpites e a refilar com as funcionárias. Aquilo estava pior que a Segurança Social em dia de pagamento.

É já com o pequeno-almoço digerido que o sol volta a dourar a planície. O Alentejo volta a transluzir e a carcaça começa a aquecer. A estrada ladeada de arvoredo oferece-me a possibilidade de parquear num dos raros e belos parques de merendas que resistem à passagem do tempo. Resquício dos tempos em que a N2 era a principal via que conduzia os veraneantes, e não só, para e do reino dos Algarves.

Às portas de Aljustrel, uma locomotiva e parte do Ramal de Aljustrel recorda aos passantes que ali outrora passou o caminho-de-ferro do sul, entre Beja e o Algarve. Voltam as rectas, os mecos e chego a Castro Verde. Na esplanada do bar dos Bombeiros, enquanto me vou refrescando, vou testemunhando algumas das rotinas da terra. Antes de retomar a estrada vou ao encontro de alguns dos ex-libris da região como eram os característicos moinhos de vento.

A N2 segue rectilínea até Almodôvar. Hora do almoço, mas, no que à gastronomia diz respeito, faltou-me uma das tradições locais.  Há muitos restaurantes na vila mas quase todos fechados e os que estão a servir não tinham sopa! Lá consigo trincar qualquer coisa que me garante energia para enfrentar a rota da N2 classificada como Estrada Património.

Vejo o marco do quilómetro 666, o bestial número apocalíptico da besta. Paro, espero que um jovem casal termine as suas selfies, e faço o registo diabólico.

Lentamente a paisagem vai mudando, o traçado ondeia e de repente já estou no Algarve. À passagem pela ponte sobre o Rio Vascão entro no Distrito de Faro e, definitivamente, sinto-me a fervilhar no Caldeirão. “Estou a chegar, carago!”. O asfalto “alevanta-se”, voltam as curvas, os ganchos, as ganchetas, a belíssima e diversa densidade florestal.

Ao atravessar a Serra do Caldeirão e o Barrocal algarvio, o roteiro desenrola-se por uma estrada inclinada e desafiante. Um corrupio de curvas e contra curvas, que se insere no mesmo patamar de diversão do percurso feito no Douro Vinhateiro. É um traçado alucinante pelo coração de uma das remotas montanhas algarvias, por onde pedalar é um misto de prazer sobre duas rodas e um desafio aos sentidos.

Escondido pelo separador da estrada surge o marco quilométrico dos 700. Daqui até ao final serão uns meros 38,5km. Esta é a derradeira despedida da Estrada N2, um belo local para terminar um roteiro a pedal. Pedalar por aqui é um encanto, é um local de encher a alma, inserido num belo quintal que faz as delícias do Velopata e de muitos amigos ciclistas. Aproveito todas as curvas alucinantes. Não perder nenhum quilómetro é essencial.

Com Barranco o Velho a ficar para trás, a costa algarvia é-me apresentada. A estrada desce abrupta e a todo o gás faço a minha chegada triunfal a Faro, de olhos postos no penúltimo meco. Da cidade, da Ria Formosa e das praias guardo as memórias de infância, de verões passados na Ilha de Faro a acampar em família. Já não reconheço nada e chego.

O marco final está plantado no meio de uma avenida para o interior da cidade. Ali está ele, o quilómetro 738, no passeio calcetado, branco, coberto de autocolantes, triste e só, sem púlpito, sem pódio, e eu corto a meta, sem champanhe, sem beijinhos nem meninas. Feitas as fotos, confortamo-nos mutuamente, por alguns minutos. Na hora da chegada não esqueci o Jacinto e o quanto teria prezado terminar esta viajem na sua companhia. Sem um autocolante para assinalar “a nossa chegada”, vandalizei o meco com os nossos nomes e a data.

Batiam as 17 horas e ainda tinha um comboio à minha espera, ou não! Fui à procura da estação de comboios. Consegui seguir os pequenos mecos das dezenas até ao 4. Escapou-me o derradeiro 5. Dou com o edifício da estação, vou directo à bilheteira para comprar bilhete para o IC das 17h56. Surpresa das surpresas. “Está esgotado!”… “Mas… como?!”. “Para o Porto só amanhã, ás…” Já não ouvi mais nada! Com as incertezas da hora de chegada a Faro não havia pré-comprado os bilhetes e agora teria de me desenvencilhar, de alguma maneira… “Olhe que pr’amanhã também pode esgotar!”. Resignado, lá comprei o bilhete para o dia seguinte e fui para uma esplanada de café apanhar uma carraspana.

Rebobinando a cassete

Pedalava eu no cucuruto do Caldeirão, perto do meco 700, quando me liga o meu velho amigo Rui. Deu-me os parabéns pela conquista e convidou-me para ir beber um copo com ele. O Rui estava de férias com a família na praia da Quarteira e de facto seria um bom programa. Agradeci-lhe no momento mas tive de declinar o convite, pois tinha intenções de estar de volta ao Porto nessa mesma noite!… Acho que não será preciso contar que lhe liguei e fiz-me convidar de novo.

Extra: uma visita imprevista à Quarteira

Botei o telemóvel a calcular roteiros e eis que dou com os queixos num inferno chamado IC4. “Mas onde está a famigerada N125!?”. Volto a recalcular o GPS da geringonça e acabo junto ao Estádio do Algarve… “Raios”. O IC4 mais não é que a versão farense da minha vizinha, a Via de Cintura Interna, mas sem sinalética proibitiva de circulação de biclas! Prontes, lá tive de me amanhar pelas sujas bermas e de gramar com o trânsito infernal daquilo. De repente aparece a placa N125 e passa a dois sentidos, mas o demónio rodoviário não acalmou. Ao fim de hora e meia, um extra de  trinta mil metros, chego finalmente à praia da Quarteira e dou por concluída a epopeia do dia.

Amigo Rui, agradeço imenso a vossa hospitalidade, a simpatia com que me receberam e aturaram. O jantar e o geladinho estavam soberbos. Obrigado.

Depois de uma noite bem dormida, na manhã seguinte seguiu-se um extra bónus, o commute necessário desde a casa de acolhimento até ao comboio, parte dele feito pelo IC4 / N125 a rezar pelas alminhas em plena hora de ponta. Depois a viagem de comboio também teve as suas histórias recambulescas, mas acho que já chega de tanto vos chatear sobre a falta de qualidade dos comboios portugueses. O melhor do dia foi o encontro insólito com a Marisa, o Mário, o Carlos e a cadelita Nina no comboio desde a Gare do Oriente.

Epílogo, ou uma espécie disso.

Esta experiência permitiu-me sentir o país. Usufruir Portugal à média de 20 quilómetros por hora. Como a paisagem, as gentes e as culturas mudam de norte para sul. Percorrer a N2 de bicicleta merece todo o tempo que lhe possamos dedicar. Considero que repartir a viagem por quatro dias é o tempo mínimo para a percorrer, e assim aproveitar todos os quilómetros por alguns dos melhores locais de Portugal. Numa outra vertente, mais cicloturística, poderia ter conhecido melhor todos os locais por onde passa a velha estrada e descobrir muito mais ao longo de toda a sua extensão. Poderia optar por um percurso com mais dias de viagem e aproveitar mais os espectáculos de cores que a natureza nos oferece. Poderia visitar as termas no Norte, provar os vinhos do Douro e do Dão, explorar as Aldeias de Xisto, refrescar-me nas praias fluviais do Alentejo e voltar à infância na Ilha de Faro. De certo que num roteiro de dez ou mais dias, em modo mochileiro, terei nova oportunidade em conciliar um passeio ao sul, pela Rota da Estrada Nacional 2, na companhia do meu grande amigo Jacinto.

Boas pedaladas.

em memória de Jacinto Oliveira, 4 de maio de 2021

Sobre paulofski

Na bicicleta. Aquilo que hoje é a minha realidade e um benefício extraordinário, eu só aprendi aos 6 anos, para deixar aos 18 e voltar a ela para me aventurar aos 40. Aos poucos fui conquistando a afeição das amigas do ambiente e o resto, bem, o resto é paisagem e absorver todo o prazer que as minhas bicicletas me têm proporcionado.
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15 respostas a dois mecos à conquista da velha estrada N2, ou a minha melhor aventura a pedais

  1. jpaulolopes diz:

    Bela história de superação … percebo que afinal não foi só vista grossa minha … os “mecos” do km200 (Tondela) e km400(Abrantes) andam desaparecidos … mas é pena … km200 por ficar dentro da localidade … e o km400 por ter sido redesenhado o trajecto da EN2 … que a chegar a Abrantes perde 10km não se sabe bem para onde … parece que ainda existe o trajecto original, mas está muito degradado … Bem haja e obrigado pela partilha … o dia 1 da minha EN2 … https://www.facebook.com/jplopes.efs/media_set?set=a.1390554117634486&type=3

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  2. João L. diz:

    Caro Paulovski,

    que belas e inspiradoras pedaladas ! Já li a crónica duas vezes.

    João L.

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  3. paulofski diz:

    Obrigado João, e a crónica fica aqui para consultoria.

    Abraço

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  4. paulofski diz:

    Obrigado Paulo. Tenho também o dever de vos agradecer as dicas lá no Fórum, onde fui “beber” muito da informação necessária para concretizar esta minha aventura sem grandes precalços. Os erros que cometi só deram mais animação à epopeia.

    O marco quilométrico dos 200k foi sacrificado no nó do IP à saída de Tondela.

    O troço da Antiga Estrada EN2 entre Vila de Rei e Abrantes está lá, mas muito bem disfarçado. Na rotunda à saída de Vila de Rei a sinalização engana pois dirige a circulação para a Variante, quando a saída para a verdadeira N2 (Antiga Estrada Nacional 2), é a saída seguinte. Não posso assegurar se esse trajecto está muito degradado. Vendo pelo Street View do Google, que já tem uns aninhos, não parece muito mau. Já em Abrantes a sinalização obriga a um desvio pois a estrada é de sentido proíbido, para mais à fente, numa rotunda com a Variante e a EN3, voltar à normalidade. Ao que tudo indica o marco dos 400Km deverá estar escondido nessa entrada em Abrantes ou então foi sacrificado no ordenamento rodoviário urbano.

    Volta sempre. Abraço

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  5. João L. diz:

    Paulovski,

    uma pergunta de natureza técnico-genitalió-prática: que calções usa (ou recomenda) nessas pedaladas de sol a sol? Eu, por mim, já concluí que marcas caríssimas (eg, assos) não têm uma relação linear com o conforto.

    João

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  6. paulofski diz:

    Olá João, possivelmente vou escandalizar ao dizer que uso calções made in China, seja nas voltas ao bairro ou nas longas, de mais de 24h. Calções de qualidade existem muitos, tudo depende do dinheiro que se queira gastar. O que noto é que duram menos tempo mas também ao preço que se conseguem uns calções com que me dou bem, tenho sido cliente.

    Não me estou a ver gastar + de 200€ nuns calções Assos, Rapha ou de outra marca da moda. Já tive (tenho) equipamentos de marca e que, por via de quedas ou intensidade de uso, não tiveram a durabilidade suficiente para que compensem o investimento feito.

    Isso da boa carneira não é uma ciência exacta, existem cús que se dão melhores com um tipo de carneiras do que com outras. Existem marcas que, claro, têm carneira de muito boa qualidade, mas não quer dizer que o que eu ache que é confortável é também confortável para ti. Também acho que não é por dizer que são bons calções para mim que também o vão ser para ti. Meras opções pessoais

    Os Assos são excelentes, para muitos são os melhores de todos, para outros nem por isso, não tem a ver com a qualidade da licra ou com a qualidade da carneira, tem a ver com o formato, o teu rabo e o teu selim.

    Um bom selim é para mim o principal aspecto a reter no que respeita ao conforto, especialmente para as longas distâncias. Nas minhas bicicletas de longo curso, tenho selins Brooks, modelos C15 e C17. A habituação a um bom selim é fundamental para ganhar conforto e calo suficiente para aguentar muitas horas em cima dele.

    Nunca tive Assos mas conheço quem tenha por exemplo calções Sportful, que não deixam nada a desejar em relação aos Assos, e que, apesar de serem carotes, estamos a falar de uma diferença de preços bastante mais em conta. Estou no entanto a pensar no futuro comprar equipamentos portugueses, tipo Pacto ou Cofidis. Se não são na realidade Made in Portugal, são pelo menos marcas portuguesas e isso agrada-me.

    Sim, tenho equipamentos vindos do Aliexpress e a coisa boa é a variedade de escolha e, sobretudo, serem baratos. A qualidade, digamos, que para o preço é razoável. Pelo preço não há milagres. Vai dando para usar mas já se sabe que não é coisa para durar muito tempo.

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  7. João L. diz:

    Olá Paulo,

    muito obrigado pela opinião que, como é bom de ver, por ser fundamentada em larga experiência, é de levar bem em conta. O melhor selim que já tive (e tenho) é um SMP em formato de bico de pato e com racha ao meio (vi nas fotos que tens um Brooks mas nunca tive um desses).
    Quanto a calções dei os olhos da cara por uns Assos T cento S7 mas que, quanto conforto, não se afastam muito de uns Cofidis que também já tive. Estes Assos têm a particularidade de não serem almofadados na zona da “fruta” de modo a permitir arejamento. Uma vantagem anunciada pelo fabricante mas que para mim não resulta pois aleijam na zona.
    Dos que experimentei os Castelli com carneira Progetto X2 (a CAstelli também tem carneira Kiss Air que não valem o preço) são caros mas confortáveis durante várias horas.

    Obrigado de novo,

    João

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  8. Pingback: Divisão Velopata – Para encarochar, deixa Setembro acabar – Blog do Velopata

  9. Martine Ricardo diz:

    Falham-me as palavras para qualificar esta crónica… li e reli e sei que voltarei a ler… simplesmente adoro a forma como ela está escrita, tão singular, tão humorística e tão pessoal… senti-me como se desfilasse de novo pela “minha”, pela nossa querida pérola lusitana, a nossa Estrada REAL, a nossa EN2!
    Das melhores, crónicas, que eu li, sobre a mítica EN2!
    Paulo Almeida, gostaria muito que esta crónica fosse partilhada na minha página (https://www.facebook.com/JuntosplaEN2) se possível, com referencia a sua claro.
    Obrigado por este belo momento de leitura revivendo a minha aventura!
    Martine Ricardo

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  10. paulofski diz:

    Obrigado pelo comentário Martine, é sempre bom ter o retorno da crónica da experiência, das sensações e do sentimento que é percorrer a nossa EN2 de uma ponta à outra.
    Por favor partilha, eu é que agradeço.
    Cumprimentos e volta sempre.

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  11. Anónimo diz:

    Fantástico relato Paulofski.
    Vou fazer este ano a mítica N2 com a minha cara metade. Estamos a apontar para 7 etapas cicláveis mais 2 dias para viagens de autocarro desde Espinho até Chaves e comboio desde Faro até Espinho.
    Alguma da informação que aqui expões são um contributo essencial para quem vai vivenciar pela primeira vez esta experiência.
    Obrigado pela partilha e continuação de novas aventuras.

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  12. paulofski diz:

    Bem vindo caro Anónimo 🙂

    É de facto uma experiência inesquecível e tenho bem gravado na memória todos os instantes vividos ao longo da velha estrada. Desejo-vos uma boa viagem. Já sabe que qualquer dúvida ou questão estarei sempre disponível.

    Cumprimentos e boas pedaladas.

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  13. Anónimo diz:

    Gostei muito de ler este “post”. Muito bem escrito.
    Parabéns e muitas e boas pedaladas.
    Manuel

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  14. paulofski diz:

    Obrigado Manuel.
    Boas leituras e boas pedaladas

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  15. buscacaminhos diz:

    Olá Paulo. Como deves imaginar tive conhecimento deste relato através do comentário que deixaste no meu ( https://buscacaminhos.wordpress.com/2020/06/17/a-nossa-nacional-2/ ). Deliciei-me a ler. É para isto que escrevemos, para mais tarde recordarmos e para incentivar outros que depois possam vir a escrever e a incentivar-nos também. Engraçado ainda como dois relatos independentes e com abordagens distintas acabam por ter diversas ideias e observações em comum. Muito obrigado pela partilha!

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apenas pedalar ao nosso ritmo.