chuviscos, musicol e alguns petiscos, um spoiler a CaMinho

De acordo com o informador meteorológico que labuta no meu telemóvel, iria estar um sábado primoroso e solarengo. De facto, manhã cedo um aguaceiro batia forte na janela, mas nem meia hora havia passado e o sol cumprimentava-me à saída de casa. Esteve quase para ser despedido, o gajo! O Couto e o Jacinto, suspeitos do costume, já estavam a caminho do nosso rendez-vous. Depois de queimar a língua numa deliciosa nata, saímos da confeitaria e aquecemos os motores pela nacional 13, rumando a norte.

O passeio iria nos levar ao longo de estradas secundárias e tranquilas, conhecidas do Caminho Português para Santiago de Compostela e por outras pedaladas. O intento inicial seria cumprir o percurso do nosso próximo brevet Randonneur Portugal, mas ao longo do passeio recreativo / mini treino, como lhe chamou o Jacinto, não nos preocupamos muito com a velocidade e o tempo. À medida que o céu escurecia e a chuva começava a cair, fomos parando frequentemente nas paragens de autocarro ou nos tascos para nos abrigarmos dos chuviscos, tirar fotografias e ir aliviando a carga. Pedalar à chuva pode ser terrificamente revigorante e, embora não fosse inteiramente inesperada, não estávamos com muita vontade de molhar o coiro. Vai daí, a jornada foi encurtada. Mesmo assim, a brincadeira ficou perto das duas centenas de quilómetros. Já o Couto, que mora na terra das broas, tem sempre um caminho extra a percorrer e ultrapassou a fasquia dos 200k.

Os campos em ambos os lados da estrada em breve estarão cobertos de milho e batatas. De vez em quando, outros ciclistas passavam. Gostei de ver um pelotão de juniores da União Ciclista da Trofa em modo treino. Depois da nossa passagem por Barcelos, as nuvens brancas no horizonte e a brisa leve que nos soprava na cara, fazia crer que mais tarde ou mais o clima iria ceder. Seguimos, apreciando o início de tarde com Ponte de Lima como destino. Não, não foram os famosos rojões nem o arroz de sarrabulho que nos atestou o depósito. A imprescindível sopa e o leve prato do dia dividido por três esfomeados, foram saboreados à conversa com dois tipos de Braga, de um outro tipo de ciclistas. Bêtêtê em biclas eléctricas!!! Onde é que já se viu isto!

Rumamos a Este e fomos conhecer a curta Ecovia das Lagoas, pela margem direita do Lima, até ficarmos quase com as rodas atoladas na lama. Neste momento voltamos para o alcatrão da planinha 202 e demos corda às pernas até Viana do Castelo, onde chegamos à hora do lanche. E não é que nem nos lembramos de ir trincar uma bola de Berlim à Natário! Aproveitando a aragem da Nortada, de vento em popa fomos galgando estrada até o Jacinto dar ordem de paragem para regar os arbustos. Quando caiu a noite passávamos Marinhas, em Esposende, local de depart e arrivé dos brevets a Norte. Mas em Fão teve de ser, paragem obrigatória para comprar duas das famosas clarinhas, doces de chila do tão agrado da minha Carlinha.

 

Passadas doze horas estava de volta a casa, com boas sensações, emocionais e físicas, apenas morto de fome e com aquele sentimento que assim, cada passeio realmente tende a ser uma excursão.

Mais um dia fantástico.

 

Sobre paulofski

Na bicicleta. Aquilo que hoje é a minha realidade e um benefício extraordinário, eu só aprendi aos 6 anos, para deixar aos 18 e voltar a ela para me aventurar aos 40. Aos poucos fui conquistando a afeição das amigas do ambiente e o resto, bem, o resto é paisagem e absorver todo o prazer que as minhas bicicletas me têm proporcionado.
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3 respostas a chuviscos, musicol e alguns petiscos, um spoiler a CaMinho

  1. Nelson Branco diz:

    Um dia preenchido de múltiplos prazeres por locais de excelência em termos paisagísticos e gastronómicos… belo relato Paulo.

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  2. paulofski diz:

    Obrigado Nelson, foi um belo passeio sim senhor, espécie de aperitivo para uma outra aventura breveteira. Recomendo o petisco 🙂

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  3. Pingback: rios, pontes e vinho verde, a crónica CaMinho200 | na bicicleta

apenas pedalar ao nosso ritmo.

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