algures por aí, com a companhia do Jacinto

 

O Jacinto já havia enfrentado a Nortada e ido passar o final de semana no seu resort em Moledo. Avisou que iria voltar ao Porto na tarde de domingo. Eu não me fiz rogado e convidei-me a ir ao seu encontro e assim acompanhá-lo para baixo. Até lá, iria pedalar algures por ali, para norte mas pelas belas estradas do interior, e assim proporcionei-me a reciclagem de mais uma voltinha minhota.

Embora fresquinha, a manhã despertou soalheira e convidativa. O vento também acordou cedo. Desde logo às primeiras pedaladas, a Nortada fazia-se sentir, de frente e potente. Após passagem por Vilar do Pinheiro, assim que surge a foz da N306, bela estrada interior que desagua na turbolenta N13, desvio e entro num percurso mais tranquilo e bucólico. Esta estrada tem sido a eleita para as minhas incursões a norte. Peregrinos, rebanhos, belas paisagens e os aromas da ruralidade, um harmonioso quadro mesmo às portas do Porto.

Com dona Tripas no estaleiro por tempo indeterminado, desta vez fui no selim da gOrka bater PR’s sem qualquer esforço extra. Estou mais leve, e com uma bicicleta mais leve, a única preocupação foi não me entusiasmar em demasia e fazer uma boa gestão do esforço.

Sem cantar de galo, atravesso Barcelos indo direitinho à N204, estrada que me iria levar direitinho até às margens do Rio Lima. Isto do coronavírus, coiso, faz-me ter menos vontade de parar para fotografar ou ter aquele pretextozinho de tomar um cafezinho. Agora, quando há muita gente por perto, o que há são cagufes.

A atmosfera aquecia lentamente, mas apenas o suficiente para abrir o zip do colete. A estrada dava-me o vislumbre da beleza minhota e as poucas paragens sem tirar o pé do pedal foram sempre à beira de fontes de água fresca. Antes de passar o Rio Lima pela ponte de Lamezes e enfrentar a subidinha pelas bordas da Serra d’Agra, era necessário repor os níveis. Um pit-stop mais demorado numa esplanada bem frequentada, já em plena N203, impôs-se.

Contornando a Serra d’Agra, a bela e sossegada estrada ruma até à costa, até à veraneante Vila Praia de Âncora. A N305 é uma daquelas estradas que me enchem o bandulho. Subida aligeirada com uma agradável sequência de curvas e o enquadramento paisagístico perfeito para ir nas calmas, digerindo as derradeiras calorias. No topo, após o cruzamento com a estrada que segue até ao cocuruto da serra. A hora avançada e a saborosa descida até ao mar, levou-me direitinho à terra do grande Quim Barreiros, e foi ali mesmo junto à praia e à ciclovia que abanquei e aguardei pela chegada do grande Jacinto.

A segunda centena de quilómetros foi feito para sul, de barriga cheia, à conversa, em despique com a Nortada e com os condutores de domingo. O vento empurrava e bem, mas nós tínhamos de abrandar o ímpeto à conta dos engarrafamentos ao longo da N13, principalmente o troço entre Esposende e a Póvoa de Varzim, apinhado de carros como há muito já não via.

Não era apenas o pessoal proveniente das praias. Muitos paravam à conta dos vendedores de hortaliças e frutícolas à beira da estrada, e sobretudo a afluência de clientes da feira semanal de Estela, que eu não sabia é ao domingo! Foi um pequeno martírio, circulando com mil cuidados pela berma ou pelo meio das filas de carros, de olhos bem abertos ao pára-arranca, às portas que se abriam, aos sacos de batatas que se atravessavam à nossa frente. Depois de Vila do Conde até casa foi um tirinho.

Aquele abraço Jacinto, foi mais um dia super divertido e bem passado. Obrigado pela amizade.

Sobre paulofski

Na bicicleta. Aquilo que hoje é a minha realidade e um benefício extraordinário, eu só aprendi aos 6 anos, para deixar aos 18 e voltar a ela para me aventurar aos 40. Aos poucos fui conquistando a afeição das amigas do ambiente e o resto, bem, o resto é paisagem e absorver todo o prazer que as minhas bicicletas me têm proporcionado.
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