“Ciclisticamente” falando, 2014 foi um ano bonzinho. Desde logo pelo notório mini-boom de ciclistas que fui observando no dia-a-dia ao longo das estradas. Muita malta já optou pela bicicleta como meio de transporte urbano e extra-urbano em detrimento do carro. Bastantes mais terão iniciado as pedaladas pela prática desportiva. A actualização do Código da Estrada com novas prerrogativas sobre os direitos dos ciclistas na rodovia, deu o mote aos automobilistas para respeitarem mais o ciclista e para que também cumpramos a nossa cota parte de responsabilidade. Orientados a pedalar no trânsito de forma segura, com consciência, só ajuda ao convívio mais amigável entre automobilistas e ciclistas. Algumas medidas municipais também ajudaram a compor esse movimento nas ruas, estimulando o uso da bicicleta como transporte, por exemplo com novas vias cicláveis, estacionamentos apropriados, algumas melhorias de condições para quem pedala e que permitem uma global percepção das cidades, aos seus habitantes e quem as visita.
Pessoalmente foi um ano menos cicloturístico do que gostaria. Mesmo assim, e para além das minhas voltinhas costumeiras pelo bairro, porque a principal razão é andar de bicicleta, procurei oportunidades para dar umas pedaladas mais longas. Entre amigos e bicicletas, a primeira aventura do ano foi o “bai e bolta a Baiona”. E cagandabolta! Para começar foram logo uns 300 km de uma assentada. No mês seguinte concretizei duas epopeias ciclistas a algum tempo planeadas: Aceitei de novo o desafio dos Randonneur de Portugal de concluir a desafiante Flèche, entre Melgaço e Coimbra, o que para mim era também uma espécie de desforra pessoal depois de frustrada a tentativa do ano anterior. Resumindo, foram muitas as peripécias durante as 24 horas de pedalada. No dia da liberdade abri asas e voei pelas memórias, acompanhado por amigos cumprindo um desejo de infância, pedalar pelo Alto Douro, pelas estradas nacionais 108 e 222, ligando o Porto a Foz Côa e passando nas terras dos meus avós.
Depois vieram as férias e não relaxei. Deixei que as minhas bicicletas me carregassem por vários e belíssimos locais: Aproveitei inclusive para dar de novo um saltinho à vizinha Galiza e ver passar o Pelóton da Vuelta. Depois na volta, pedalamos por belíssimos locais junto ao Minho e conheci uma das mais bonitas ecopistas do nosso país. Foi já depois das víndimas que arrematei o ano ciclistico no que às longas distâncias dizem respeito. Foi junto com o pelotão nacional dos Randonneur de Portugal, fui ao encontro do mais belo rio do mundo pela Região Demarcada do Douro.
Para 2015 não faço grandes projectos. Continuarei o meu comute diário, as minhas voltinhas domésticas, voltarei a lugares para conhecer outros lugares. Espero que as minhas biclas não se cansem de mim e que tenha pernas para pedalar tanto ou melhor. Estou certo que será outro ano com mais ciclistas a ocuparem as estradas, a partilharem a via dando o bom exemplo. O blogue talvez venha ressentir-se e estar um pouco menos activo, haverá alguma falta de disponibilidade à frente do computador que certamente será ganho não selim da bicicleta. Desejos de bom ano, boas motivações, boas pedaladas.