diz que “Grande Porto lidera a revolução da bicicleta”

Resumidamente, o artigo do JN via MUBI:

“É essencial que passe a existir da parte dos nossos governantes a vontade e a coragem política em concretizar este potencial, apoiando e estimulando o uso de modos de transporte saudáveis, económicos e ambientalmente sustentáveis em alternativa ao automóvel individual, à semelhança do que acontece em numerosas cidades e regiões do resto da Europa.

«Portugal é o maior fabricante europeu de bicicletas, mas vai na cauda do pelotão no que diz respeito ao uso das duas rodas como meio de transporte. Só 1% dos portugueses pedala diariamente, longe dos 43% no baluarte dos ciclistas, a Holanda.

A diferença também é cultural, mas a mobilidade sustentável releva, sobretudo, do ambiente, da saúde e da economia mais pura e dura. Por cá, um estudo científico das bicicletas esquadrinhou o país de lés a lés e concluiu que o Porto é o município com maior valor bruto ciclável. Matosinhos, Gaia, Trofa e Gondomar também estão no “top ten”.

Descarbonização

O Centro de Investigação do Território, Transportes e Ambiente (CITTA) é um polo de investigação da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Esta frente científica passou os últimos anos a investigar o potencial estratégico da bicicleta para o desenvolvimento dos territórios. E assim nasceu o projeto “Impulsionar a Bicicleta em Cidades Principiantes”.

Resumidamente, o projeto “Boost” – tão graficamente explícito, com um selim, um volante e rodas aplicadas aos ós – é um estudo para a mobilidade sustentável. Gaba os méritos ecológicos que o orientam à partida e que o definem ainda mais à chegada, a pedalar pela descarbonização, pela saúde e pela economia em circuitos curtos.

Fatura ambiental

Todos os municípios do país foram avaliados e mais de uma dezena deles, exatamente 21 – 20 do Continente e um da Madeira, Machico – foram pilotados para estimativa dos impactes ambientais, energéticos e económicos da bicicleta. Sabia que 123273 portuenses gastam diariamente 159464 euros em combustíveis para deslocação (ida e volta) ao trabalho ou à escola? E que se os ciclistas, em vez dos agora estimados 2,24% (2761) fossem 51% (62869) esses mesmos custos baixariam para 96329 euros (economia anual de 8,415 milhões de euros)?

Estes e outros números, achados na ponderação do valor económico da bicicleta são amplamente demonstrados no estudo do CITTA e podem ser encontrados em “boost.up.pt”, onde também se avaliam faturas ambientais (emissões de carbono, qualidade do ar) e impactes para a saúde, também associados ao exercício físico nas deslocações quotidianas, para o trabalho ou para a escola.

Também determinada na conjugação de vários indicadores – a geografia, a densidade populacional, a taxa de motorização, a proximidade de centralidades… -, esta cadeia de valor há de igualmente entroncar em estimativas menos tangíveis. Exemplo: Portugal não só é autossuficiente como é o maior fabricante europeu de bicicletas, pelo que a rendição do carro pelas duas rodas tem ainda mais alcance socioeconómico. E ainda mais se se verificar que 98% dos carros comprados em Portugal são importados.

“O debate é por um território mais humanizado, que ofereça às pessoas, numa escala mais pequena, aquilo que as pessoas precisam, para podermos reduzir as grandes deslocações, das grandes distâncias, e dessa forma reduzir a utilização e a dependência do automóvel”, afirma Cecília Silva, coordenadora do projeto do CITTA.

Meios suaves

“Neste momento – conclui a investigadora da FEUP -, a questão da mobilidade por meios mais suaves tornou-se incontornável, não tanto pela mobilidade em si, mas pelas preocupações internacionais cada vez mais fortes relativamente à descarbonização e à necessidade de atenuarmos as alterações climáticas ou, pelo menos, mantê-las sob controlo. A questão da sustentabilidade entrou na agenda política e com ela a mobilidade sustentável, porque é uma área que tem impacto significativo na vida das pessoas”.

Porto: vaga a crescer entre a moda e a emergência

Algures entre a mola que segura a bainha das calças do deputado sueco a pedalar em Estocolmo, a fleuma britânica de Boris Johnson a acelerar pelas ciclovias de Londres ou uma certa tendência hipster, mora também um conceito social da mobilidade sustentável. No Porto, a tendência ganha corpo, mas é bem menos sofisticada.

“Eu não ando por modas. O médico deu-me uma ordem e a bicicleta foi a minha melhor amiga para parar com o álcool e com o tabaco. Deixei de fumar de um dia para o outro e, hoje, ando 40 quilómetros por dia. Faço tudo de bicicleta”, diz António Fonseca, de 57 anos, tripeiro de Massarelos, a pedalar pela marginal e pela Foz.

“Pois, a bicicleta é muito importante para alterar os hábitos de mobilidade e pensar em meios de deslocação mais ecológicos, mas, para isso, é preciso criar condições. E, já agora, um mercado acessível. Hoje em dia, as bicicletas a preços abordáveis, aí até 200 ou 300 euros, estão esgotadas. Só há das mais caras”, diz José Abreu, de Matosinhos.

Já para Paloma Ariston, carioca de 41 anos, a bicicleta junta o agradável à emergência sanitária: “Com a pandemia, quero evitar transportes públicos”, diz a cidadã brasileira, que regista “melhoria nas ciclovias” do Porto.

Na Invicta há 54 quilómetros de pistas para ciclistas. A MUBi – Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta quer mais e melhores condições e tem em curso uma petição pública para sensibilizar a Câmara do Porto a perseguir os esforços pela “mudança de paradigma”.

“O Governo e as câmaras têm de fazer muito mais no combate às alterações climáticas. A bicicleta tem servido em Portugal essencialmente para maquilhar de verde discursos políticos!”, diz a MUBI.

FACTOS E NÚMEROS

Combustíveis

Os portuenses gastam 20,411 milhões por ano em deslocações (ida e volta) para o trabalho (1,29 euros diários per capita). Em Lisboa, a fatura atinge os 52,767 milhões (1,35 euros diários per capita).

Emissões CO2

O estudo do CITTA calcula em 944 mil euros os custos anuais das emissões de C02 dos portuenses em deslocações (ida e volta) para o trabalho. Em Lisboa, a fatura quase triplica: 2,444 milhões de euros.

Copenhaga à frente

A cidade dinamarquesa é a capital europeia com mais utilizadores de bicicleta (35%) nas deslocações para o trabalho. Amesterdão (32%) e Berlim (31%) completam o pódio. Lisboa fica na cauda (2,21%).

Eurovias

Da ponta norte da Escandinávia ao contorno de toda a costa atlântica portuguesa, a EuroVelo1 (11 mil quilómetros) é uma das 17 vias cicláveis abertas na Europa, num total de 70 mil quilómetros. Quando o projeto da Federação Europeia de Ciclistas estiver concluído, a soma dos circuitos transcontinentais ascenderá a 90 mil quilómetros.

DADOS

424 milhões de euros em exportações

Portugal bateu o recorde de exportações de bicicletas em 2020. Mesmo em ano de pandemia, a venda para o estrangeiro rendeu 424 milhões de euros, um acréscimo de 5% face a 2019.

2,7 milhões de bicicletas fabricadas no país

Em 2020, Portugal foi o maior fabricante europeu de bicicletas. Segundo o Eurostat, produziu 2,7 milhões de bicicletas. O setor (uma centena de empresas) cria 1900 empregos diretos e 5900 indiretos.»”

Fontes:

https://mubi.pt/

https://www.jn.pt/local/noticias/porto/porto/grande-porto-lidera-a-revolucao-da-bicicleta-13658624.html

Sobre paulofski

Na bicicleta. Aquilo que hoje é a minha realidade e um benefício extraordinário, eu só aprendi aos 6 anos, para deixar aos 18 e voltar a ela para me aventurar aos 40. Aos poucos fui conquistando a afeição das amigas do ambiente e o resto, bem, o resto é paisagem e absorver todo o prazer que as minhas bicicletas me têm proporcionado.
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2 respostas a diz que “Grande Porto lidera a revolução da bicicleta”

  1. Rui diz:

    O primeiro excerto é do post da MUBi. Não é da peça do Jornal de Notícias.

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  2. paulofski diz:

    Grato pela informação Rui. Será rectificada fonte no post.

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apenas pedalar ao nosso ritmo.