Recentemente chegou à
redacção minha mão uma interessante pesquisa vinda de terras de Vera Cruz. A ONG Transporte Ativo, em parceria com outras nove organizações que actuam na promoção da bicicleta, promoveram um inquérito junto de cinco mil ciclistas, visando mostrar qual o perfil de quem pedala no Brasil: Quem são as pessoas que utilizam a bicicleta como meio de transporte nas grandes cidades brasileiras? Em quantos dias da semana elas pedalam? O que as faz pedalar mais? Quais as suas dificuldades? Estas são apenas algumas das perguntas respondidas pelos ciclistas brasileiros.
Durante os meses de Agosto e Setembro de 2015, pesquisadores foram para as ruas de dez cidades brasileiras (Aracaju, Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Niterói, Salvador e São Paulo) e abordaram cinco mil utilizadores de bicicleta que as utilizam como modal de transporte pelo menos uma vez por semana.
A pesquisa procurou gerar evidências, experiências e necessidades, sobre como as pessoas utilizam a bicicleta nas suas deslocações diárias, e que papel desempenha esse modo de transporte no sistema de mobilidade local e no acesso ao sistema de mobilidade urbana em cada cidade. Para os promotores a pesquisa procurou ajudar a aprofundar o entendimento sobre o utilizador de bicicleta e contribuir para a formulação de políticas públicas para esse tipo de transporte. “Políticas de mobilidade para a bicicleta só podem ser formuladas a partir da compreensão da cultura e do comportamento do ciclista, das suas demandas. Nesse sentido a pesquisa traz informações inéditas para o país, e poderá fortalecer ainda mais o debate sobre estruturas cicloviárias nas grandes cidades”.
A pesquisa identificou que, na sua maioria, o ciclista brasileiro tem entre 25 e 34 anos, pedala cinco dias ou mais por semana, adopta a bicicleta como modo de transporte, principalmente para ir ao trabalho, faz integração com outro modo, tem rendimentos mensais entre um e três salários mínimos. No geral, o trajecto realizado de bicicleta é feito entre 10 e 30 minutos, uma distância que pode variar entre três e oito quilómetros. O maior uso da bicicleta é motivado, em primeiro lugar por trabalho (88,1%), seguido de lazer (76%), compras (59,2%) e estudo (30,5%). As maiores motivações para pedalar são a rapidez/praticabilidade (44,6%) e os benefícios para a saúde (25,9%). Já os maiores problemas enfrentados são a falta de educação no trânsito (34,6%) e a falta de infraestrutura cicloviária (26,6%).
Os resultados variam de cidade para cidade. Na capital, Brasília, por exemplo, o uso combinado das biclas e outros meios de transporte é expressivo: metade dos ciclistas usa o metro para completar o trajecto. No Rio de Janeiro, 81% usa a bicicleta em pelo menos cinco dias da semana em trajectos de até 30 minutos. Já em São Paulo, o número de pessoas que utiliza a “magrela” como meio de transporte diário é bem menor: 38%. Mas, em compensação, a distância aumenta: 29% dos ciclistas pedala entre 30 minutos e uma hora.
A pesquisa pode ser vista na íntegra aqui, em http://www.ta.org.br/perfil/ciclista.pdf.