textos de Marcos Paulo Schlickmann [13] Incentivo aos meios alternativos de transporte

Neste texto quero fazer um contraponto ao que publiquei sobre taxação da poluição (http://goo.gl/syX7DP).

Caso não tenham lido, neste outro texto (http://goo.gl/bQadRr) eu referi que existem basicamente duas maneiras gerais de tratar os problemas da mobilidade urbana: Medidas de taxação, que forçam a mudança de comportamento (push/empurrar) ou medidas de incentivo, que de certa forma indicam uma melhor opção (pull/puxar). Também podem ser chamadas de “hard measures” e “soft measures”, respetivamente.

Portanto os incentivos monetários a quem polui menos ou a quem usa um meio de transporte diferente do carro se enquadram na segunda categoria, pois não forçam a mudança dos padrões de deslocação e sim convidam à reflexão.

Vocês já notaram que o estacionamento gratuito nos locais de trabalho, nos shopping centers, universidades, escolas…, não é nada mais que um subsídio indireto a um cliente/funcionário/estudante que vai de carro? E que este subsídio é pago por todos incluindo pelos que não vão de carro?

Afinal o estacionamento, tanto na origem quanto no destino, faz parte dos custos totais de uma viagem de automóvel, assim como o custo do bilhete/passe para o usuário de transporte público, a comida para o ciclista e o sapato para o peão/pedestre. E porque uns recebem incentivo financeiro e outros não? Não tenho conhecimento de nenhuma universidade subsidiar o feijão-e-arroz dos estudantes ciclistas, mas todas, ou quase todas, dão estacionamento gratuito pra os estudantes motoristas.

Nos próximos dois textos irei abordar com mais detalhe a questão do estacionamento gratuito. Agora vos quero mostrar as principais políticas de incentivo a quem polui menos ou usa outro meio de transporte diferente do automóvel. Principalmente nas deslocações pendulares.

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Figura 1 – Resposta: B. Fonte: http://caderno.allanpatrick.net/tag/andy-singer/

A formulação e aplicação de tais medidas se baseia nas questões de equidade, tratamento igual para todos. Basicamente se dividem nas seguintes1:

 – Parking cash out: Pagamento a quem não usa o carro o valor equivalente ao custo mensal de um lugar de estacionamento. Todos os funcionários têm a opção entre um lugar de estacionamento na empresa, ou numa garagem externa paga pela empresa, ou o valor equivalente;

Taxação do estacionamento: Uma medida que já foge do grupo “soft measures” pois obriga a repensar os padrões de viagem. Basicamente a empresa cobra do funcionário o estacionamento na empresa. Tal medida serve para otimizar o uso do estacionamento e diminuir o custo de construção, visto que estacionamento pode representar um valor significativo do total da obra;

Gestão da mobilidade: Formação de um grupo que faz uma pesquisa dos padrões de viagem de cada funcionário: matriz origem/destino, meios de transportes, horários, percursos. Desta forma pode-se organizar caronas/boleias (carpooling), partilhar o automóvel (carsharing), deslocações conjuntas em bicicleta, a pé ou transporte público e campanhas de conscientização sobre as várias alternativas e seus custos;

Infraestrutura para ciclistas: Estacionamento coberto, vestiários, chuveiros, armários;

Comércio e serviços in situ: Já são medidas mais caras porém surtem muito efeito. Grandes empresas e universidades que disponibilizam restaurantes, pequeno comércio e serviços e jardins-de-infância conseguem drasticamente reduzir as deslocações dos funcionários.

Os exemplos acima podem ser implementados em universidades, escolas e empresas, porém há ainda medidas governamentais. Nos EUA2 uma empresa pode pagar ao seu funcionário até 245 dólares mensais como gastos de transporte, nomeadamente as deslocações pendulares, ou commuting. Tais pagamentos não são sujeitos a impostos e são pagos a parte do salário bruto do funcionário. Porém esses benefícios servem para todos os meios de transporte.

Na França3 entretanto está surgindo uma nova lei, que visa recompensar empresas que incentivam seus colaboradores a optarem pela bicicleta. E as empresas por sua vez também recompensam os seus colaboradores.

 Referências:

  1. http://www.vtpi.org/tdm/tdm8.htm
  2. http://en.wikipedia.org/wiki/Employer_transportation_benefits_in_the_United_States
  3. http://greensavers.sapo.pt/2014/01/10/franca-vai-pagar-aos-trabalhadores-que-utilizarem-a-bicicleta/
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Sobre paulofski

Na bicicleta. Aquilo que hoje é a minha realidade e um benefício extraordinário, eu só aprendi aos 6 anos, para deixar aos 18 e voltar a ela para me aventurar aos 40. Aos poucos fui conquistando a afeição das amigas do ambiente e o resto, bem, o resto é paisagem e absorver todo o prazer que as minhas bicicletas me têm proporcionado.
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Uma resposta a textos de Marcos Paulo Schlickmann [13] Incentivo aos meios alternativos de transporte

  1. Republicou isso em Matemática em Sobrale comentado:
    é a guerra pelo espaço na cidade, de um lado o ser humano que precisa se locomover, do outro lado o consumismo automobilístico excitado poe empresas que sentem que o fim está chegando…

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