Aproveitando a oportunidade fantástica que as minhas bicicletas me proporcionam, por exemplo esta sensação incrível de rejuvenescer, decidi aproveitar a aparição de um quadro vintage em muito bom estado e meti-me na pequena aventura de o transformar numa Single Speed, para ir ao pão, para atafulhar a arrecadação ou para me divertir com uma coisa simples, diferente e apelativa.
E porquê Single Speed? A simplicidade funcional com que pedalamos e nos deparamos com uma dificuldade é deveras motivante. Para quem gosta de velocidade e já tem uma speed mas quer dar um toque mais “psyco” e chique à modalidade, porque não voltar ás origens? Sim, porque as nossas primeiras bicicletas eram Single Speed! A grosso modo, uma Single Speed é, chamemos-lhe assim, uma bicla SUV, só a uma velocidade. Pedalar bicicletas com n mudanças é uma maravilha, isso todos sabemos, porém, uma SUV é totalmente diferente. É pedalar algo próximo às nossas experiências de infância, quando pedalávamos as nossas Órbita. Foi numa assim que aprendi a me equilibrar, sem me preocupar em meter a primeira para facilitar uma subida. Apenas o esforço das pernas, num verdadeiro “halterociclismo” quando se queria rodar a uma velocidade maior. Não é um retrocesso mas sim um reencontro.
Tentando gastar o menos possível e com a ajuda dos especialistas em arranjar e desenrascar perfeitas raridades (agradecimento especial ao amigo Luis Silva), aos poucos fui juntando o material que me serviu os intentos. Assim, a máquina em questão parece ter saído dos anos setenta do século passado. Com a transformação desta bicicleta pretendo não apenas possuir uma bela maquina clássica mas acima de tudo empreender com ela uma espécie de regresso às origens, para o que realmente importa: dar umas voltas.
Aquilo que fiz foi juntar uma mixórdia de peças new old stock com outras novas , num enorme gozo de pôr a andar e tornar útil algo que não se movia há muito tempo, e que de momento me dá imenso prazer pedalar. Deu trabalho, especialmente ao mestre Barbosa da Velo Invicta, mas ficou e é bonita que se farta. Depois de muita paciência e alguma despesa, aqui mostro o resultado final daquilo que me ocupou durante alguns meses, mencionando algumas características da Alteza (marca histórica da casa portuense Velo Invicta Cycles):

O quadro terá talvez uns quarenta anos, não sei bem. É produção nacional de tubagem Reynolds 531. Pintado num azul turquesa, castigado aqui e ali, só a forqueta está a fugir de tom.
Assim que o vi decidi logo, ficaria tal e qual, carregadinho de patine.

Dropbar tipo Randonneur, desconheço a marca. Fita é Brooks e as rolhas seriam também Brooks não se desse o caso de uma delas se ter partido. Assim sendo, duas rolhas de Vinho do Porto serviram na perfeição.

Aqui as poucas peças realmente novas da bicla: Pedaleiro BLB Pista Vera de 46 dentes.
Eixo pedaleiro Tange, corrente Sadem e roda livre de 18 dentes.

As rodas têm um tamanho peculiar (aros Weinmann 27x 1 1/4 e cubos Exceltoo).
Nunca imaginei, mas arranjar pneus para elas foi canja. São uns Semperit Racing.
Rui, as voltas que quiseres amigo. 🙂
Está uma preciosidade, só precisa ver a luz do sol nas mãos do seu domador.Felicidades.
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Paulo, desulpa a indiscrição, mas quanto ficou ($$$) no total este teu projecto?
Por acaso é uma coisa que gostaria de fazer.
Abraço
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Muito fácil de domar Rui, ai d’ela…
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Marcos, a bicla ficou muito barata, atendendo à qualidade e raridade de algumas peças. Tive a sorte de conseguir quadro e algumas peças muito em conta. Outras tive de encomendar via net.
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Bela máquina! Gosto da estética espartana, da simplicidade, dos detalhes e do contraste novo/clássico. E imagino o enorme prazer que deve ter dado montar essa bicicleta assim como pedalar nela!
Já perdi algumas horas à procura de um quadro para fazer uma bicicleta como esta (quadro aço de estrada, singlespeed, mistura de componentes clássicos e modernos), mas infelizmente está difícil encontrar um quadro com estas características para a minha medida (59 ou 60). 😦
Boas pedaladas e parabéns pelo gosto e pelo trabalho!
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Obrigado pelo comentário Julio. Esta bicicleta tem de facto uma grande importância para mim, inclusive de uma afectividade maior do que qualquer outra que tenho pois via a crescer. Abraço.
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Paulo, já tive a oportunidade de ver essa beldade algumas vezes na MC aqui no Porto… e ela é ainda mais bonita ao vivo. Sou um recém convertido e ainda a dar as primeiras pedaladas neste admirável mundo novo do ciclismo urbano. Tenho uma humilde bicla de ferro (que aos poucos vou “kitando”), sem marca mas à qual me afeiçoei sobremaneira, chegando ao ponto de lhe dar o distinto nome de Dalila. No entanto a simplicidade estética e mecânica de bicicletas como a tua começam-me a conquistar aos poucos. Quem sabe um dia arranjo uma amiga à Dalila…
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