Pois bem, pessoalmente não me posso queixar muito. 2020 foi, para mim e para a minha família, um ano bem positivo. Mas globalmente tem sido um ano terrível. 2020 não vai terminar tão cedo e irá permanecer nas nossas memórias, mesmo que o calendário diga que já é passado.
No dealbar do ano que agora finda a conjectura parecia promissora. Seria um ano de retoma e de crescimento, com algumas transformações interessantes a caminho. Só que aí chegou o novo coronavírus. Ficamos perdidos, restringidos, sem poder reagir, tentando nos equilibrar entre a saudade dos momentos e a incerteza do futuro. Em cada momento, em cada gesto simples, passamos a sentir mais a preciosidade da vida. Procuramos reconstruir as incertezas e encontrar caminhos alternativos, como em outros momentos difíceis na história da humanidade.
A pandemia pouco afectou a minha vida. Dei continuidade às minhas rotinas diárias. Continuei a sair de casa no meu “commute” diário a pedais, entre o domicílio e o centro hospitalar onde trabalho. Não foi o inicialmente desejado, entre alguns eventos cancelados e desafios adiados, não atingi os números pretendidos, mas dentro das contingências cumpri alguns objectivos das pedaladas cicloturisticas, mantendo o espírito e o corpo saudáveis. O ciclismo sempre me manteve livre, conservando a minha segurança, obedecendo as devidas distâncias.
Dentro das limitações impostas, houve que se adaptar e sobreviver a esta pandemia. Reaprender e reinventar. Mergulhar naquilo que cria esperança, procurar algum remédio para os momentos complicados durante a quarentena. Buscar fortalecer o optimismo e o futuro de uma maneira geral. Acima de tudo preservar a segurança, limitar as relações interpessoais, proteger o próximo e mascarar a realidade.
E como será 2021?
“Mistééérioooooo…” Como qualquer português que se preze, eu também gosto de dar os meus palpites. É um costume típico, bem português, mandar uns palpites para o ar. Dar largas ao Zandinga que cada um tem dentro de si. “Brucho!!!” Ora, é claro que na esmagadora maioria das vezes são tiros no escuro e só sai merda! Quase sempre somos traídos pelo sexto sentido que acomodamos na consciência ou pelo dedo mindinho, o tal que adivinha tudo. No entanto, das poucas vezes em que se acerta um palpite, quando as probabilidades se contam pelos restantes dedos, é ver o pessoal a vangloriar-se, “Vês pá! Eu sabia. Só não acerto no Euromilhões!!!” (aplica-se também ao Totoloto, ao Totobola e às presidenciais da tasca). Eu cá não nego à partida ciências que desconheço. Confio na Ciência e não vou em teorias da conspiração ou no paranormal. Só um céptico superficial poderá negar os poderes que uma vacina tem para a imunização da covid-19, da ignorância e da estupidez latente de muito boa gente.
A mensagem é uma palavra de esperança, e a previsão é que dias melhoras virão. Devemos confiar nos peritos, motivar os profissionais de saúde e crer que a cada ciclo da Natureza podemos vencer o inimigo, sabendo que aquilo que não nos derruba só nos faz mais fortes.
Ano novo, vida nova… A vida, essa não renova, apenas continua o seu ritmo implacável até ao fim. A oportunidade renova-se sempre a cada rotação da ampulheta da vida e é essa a grande esperança de todos… É esse o verdadeiro significado do desejo por cada novo ano, por cada novo ciclo.
Feliz 2021 repleto de bons momentos, de boas pedaladas.