isto é jogar à roleta russa

Abundam os estereótipos sobre os ciclistas. Estereótipo, cliché, chavão, qualquer que seja o palavrão, existe o preconceito generalizado sobre o pessoal que pedala na estrada. A característica frequentemente mais depreciativa é de que todos os ciclistas são um perigo. São acusados das coisas mais aberrantes e incompreensíveis pelos enlatados que não nos querem na estrada e nos vêm como o supremo de todas as coisas más, ora porque estamos no caminho, ora porque somos uns incumpridores, ora porque representamos uma mudança, o que para eles parece ser difícil de aceitar. E o exagero é a norma. Todos os estereótipos impõem exagero, é um elemento chave do preconceito, e daí até generalizar a coisa é um instantinho.

Sinceramente, compreendo o porquê de em determinadas situações quem pedala não se sentir obrigado, por exemplo a parar perante um qualquer sinal vermelho! Até porque muitos dos semáforos instalados nas cidades estão ali mais para regular a velocidade dos veículos motorizados. O semáforo tornou-se o sinal vermelho de tudo o que há de crendice contra os ciclistas. E quando nos apontam o dedo demonstram muito da sua ignorância e do seu carácter, pois perante o mesmo incumprimento, constantemente observado no comportamento abusivo de todos os automobilistas, estes desviam a conversa, devolvendo com o falso argumento da pretensa obrigatoriedade de um seguro para os ciclistas, de matriculas para as bicicletas, bláblá… de penalizações só porque há quem se atreva a usar corpinho na mobilidade, querendo o pé da igualdade nos direitos à estrada.

Bem ou mal, o comportamento adoptado pela maioria pédica e velocipédica é parte da mesma cultura rodoviária que observamos por todo o lado. Nesta estrada da vida da loucura já nada me espanta. Já testemunhei comportamentos e acções que me deixaram de tal maneira atónito que me fizeram avaliar se realmente vale a pena arriscar. Ao volante, como ciclista no papel de automobilista, também me saltam as estribeiras quando presencio comportamentos arriscados e inconscientes de indivíduos a pedais. Alguns fazem coisas tão bizarras que me custa imaginar o que estariam a pensar naquele momento. E não falo de ciclistas inexperientes, nem daqueles que estão na via pública como se estivessem no parque de dversões. Falo dos lunáticos que obstinadamente abusam da sorte.

Desde aquele final de dia, quando fui testemunha da loucura de um indivíduo que pedalava à minha frente em plena auto-estrada A1, tenho dado o dedo mindinho a torcer sempre que ouço/leio criticas do mau comportamento dos ciclistas na estrada. Contradigo-os que esse não é o meu comportamento, nem o da maioria, mas sou obrigado a reconhecer que há muitos por essas estradas a jogar à roleta russa.

Se hoje recordo esse episódio, da quase fatalidade de um lunático a pedalar numa auto-estrada, a colocar-se e a colocar outros num perigo tão estúpido como desnecessário, é porque acabo de ler esta notícia: “Ciclista na A1 causa surpresa”

O homem encontra-se já referenciado pelas autoridades por causa desta prática. (Ler mais em: http://www.cmjornal.pt/portugal/detalhe/ciclista-na-a1-causa-surpresa?ref=portugal_outras)

Desde aquele episódio que certo dia testemunhei até à “surpresa” de ontem, medeiam cinco anos! Será que é o mesmo tipo que eu vi e evitei atropelar e continua a querer fintar a sorte!? Se é, como pode o mesmo indivíduo arriscar a pele assim há tanto tempo, sem levar um susto ou um piparote de um pára-choques!?

Eu cá se pudesse ter conversado com este anormal ter-lhe-ia pedido os números do euromilhões, ou perguntado se é um tipo com tendências suicidas e anda com um azar do caraças! É que para se matar bem que o poderia fazer sozinho e não esperar a que a bala esteja no cano.

Apenas pedalar uma bicicleta não se qualifica como ciclista. É preciso ter conhecimento da estrada, valorizar a própria e a segurança de toda a gente. Devemos saber os limites da própria bicicleta. Não é tanto uma questão de dizer às pessoas como ou onde devem pedalar, mas sim um meio de informar que é necessário ter alguma responsabilidade. Queremos que os automobilistas respeitem os ciclistas, que partilhem devidamente a estrada, e para isso devemos dar o nosso exemplo de responsabilidade e de noção onde a bicicleta pode e deve estar.

Sobre paulofski

Na bicicleta. Aquilo que hoje é a minha realidade e um benefício extraordinário, eu só aprendi aos 6 anos, para deixar aos 18 e voltar a ela para me aventurar aos 40. Aos poucos fui conquistando a afeição das amigas do ambiente e o resto, bem, o resto é paisagem e absorver todo o prazer que as minhas bicicletas me têm proporcionado.
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apenas pedalar ao nosso ritmo.

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