um regresso pelos Caminhos do Romântico

Foz do Douro
Encerrado o expediente, aproveitei para dar um saltinho à veloloja do Palácio e cumprimentar os duendes. Mas como a tarde estava convidativa e eu carente de um arejo, vai daí, decidi logo ali alegrar o meu regresso a casa e embrenhar-me pela Rua de Entre-Quintas. Fui, por assim dizer, espairecer numa ilha de tranquilidade no meio do Porto, no coração de uma cidade repleta de contrastes e recantos que a tornam numa urbe tão especial. Na estreita via entalada entre os muros da Quinta da Macieirinha e da casa Tait, ou Quinta do Meio, começa um dos percursos dos Caminhos do Romântico, cenário perfeito para desopilar um pouco, e também para testar a resistência aos travões da Cósmica depois de um lifting forçado ao guiador.

Entre Quintas e Casa Tait
O Porto tem esta primazia contrastante. tem uma dupla face bem distinta. De repente sai-se da confusão das ruas de D. Manuel II e de Júlio Dinis para logo entrarmos na tranquilidade de cenários mágicos e esplêndidos, com uma vista bucólica sobre o rio e a Foz do Douro. Há pequenas hortas, matas, muros de pedra, quintas da antiga nobreza e burguesia, fontes, chafarizes, lavadouros, gatos sem dono e um silêncio que inspira. Os Caminhos do Romântico apresentam um pouco das contradições do Porto de Oitocentos, romântico e burguês, rural e industrial. A intenção de atrair os visitantes passa pela delimitação de cinco percursos pedonais, cada qual com um tema ligado à história de Massarelos: o Porto do Romantismo, o Aproveitamento da Água, Arqueologia Rural e Industrial e o percurso do Gólgota a Massarelos.

Quinta da Macieirinha
Iniciado o curto passeio o cenário tem um encanto um pouco agridoce, pois ainda persiste o vandalismo, lixo e muitas ruínas. Aquela que foi considerada uma das obras marcantes da Porto 2001, mereceu relevância em promessas de reabilitação. A ambição inicial era de transformar este espaço privilegiado num pólo de atracção turística. Pouco ou nada se consegue ler dos painéis informativos, dos que ainda existem, dada a quantidade de riscos e rabiscos que os cobrem. Os grafitos de mau gosto já foram uma epidemia nestes caminhos. As paredes foram entretanto limpas, faltando saber por quanto tempo irão resistir às tintas e canetas de quem na calada da noite se esgueira e se esconde.

Rua Entre-Quintas
Para além da evidente degradação, abandono e vandalismo que não roubaram o romantismo destas estreitas vielas e caminhos pedestres traçados no vale de Massarelos, há sinais de recuperação urbana e limpeza de alguns terrenos, de pequenas hortas preservadas para a subsistência das pessoas que lá vivem. Mas a curiosidade aguça que se farta e nos aponta a rota a seguir. Voltei a descer as vielas e escadas da Rua das Macieirinhas, cruzei com casais de mapa na mão e a fotografar tudo em redor, enquanto muitos outros, com proveitos mais românticos, povoavam de mão dada as sombras dos jardins da Quinta da Macieirinha.

Rua Entre-Quintas ao fundo
O caminho desemboca um pouco mais à frente na Rua da Restauração e, assim como num estalar de dedos, sai-se do torpor do paraíso para entrar no rebuliço da cidade. Encarrilei num dos meus itinerários normais, pós-laborais, desci a rua até entrar na Marginal, bem perto do novo hotel que recuperou o belo edifício da antiga Bolsa do Pescado. Mas antes mesmo de prosseguir o meu regresso a casa e dar-me ao privilégio da panorâmica na companhia de um velho e leal amigo, o Rio Douro, aproveitei para tirar outra foto, desta vez, e mais uma vez ao Sr. Eléctrico e ao seu Museu.

Museu Carro Eléctrico

Sobre paulofski

Na bicicleta. Aquilo que hoje é a minha realidade e um benefício extraordinário, eu só aprendi aos 6 anos, para deixar aos 18 e voltar a ela para me aventurar aos 40. Aos poucos fui conquistando a afeição das amigas do ambiente e o resto, bem, o resto é paisagem e absorver todo o prazer que as minhas bicicletas me têm proporcionado.
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Uma resposta a um regresso pelos Caminhos do Romântico

  1. Nelson Branco diz:

    🙂 Gostei do passeio…

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apenas pedalar ao nosso ritmo.