um passeio que poderia ser bem mais alegre

(foto do blogue porto do crime)

O Jardim do Passeio Alegre é um dos jardins românticos do Porto e um dos locais à beira-rio de visita obrigatória. Goza de uma personalidade própria. Está localizado na Foz do Douro, junto ao Castelo de S. João Baptista, ponto de passagem pela marginal do Douro em direcção a Matosinhos. É um jardim oitocentista, com uma extensa área, tem uma forma triangular envolvido pela Av. Carlos I (junto ao rio), a Rua de Dom Luís Filipe (de onde saíam os exames de instrução automóvel – quem se lembra?) e a Rua do Passeio Alegre (que dá nome ao jardim). Possui variadas espécies vegetais, como as suas famosas palmeiras, árvores de copas e plantas ornamentais. Possui chafariz, candeeiros de ferro fundido, obeliscos, da autoria de Nicolau Nasoni levados da Quinta da Prelada, um coreto metálico e um mini-golfe, onde outrora passei verdadeiros momentos de entretenimento. Tem algumas fontes decorativas, o Chalet Suíço (quiosque de música), monumentos e bancos para um aprazível descanso.

Entre muitos valores patrimoniais e culturais da chamada Foz Velha, assume particular interesse pela sua singularidade, a zona do Passeio Alegre, dada a harmonia do conjunto que se estende desde o Castelo da Foz, até à chamada zona dos Pilotos, onde se situa a Torre de S. Miguel o Anjo.

A Rua do Passeio Alegre foi recentemente objecto de intervenção pela CMP (da responsabilidade da empresa municipal Águas do Porto) em toda a sua extensão. A meu ver foi uma uma oportunidade que se perdeu, pela falta de ambição de projectos e vontade deste executivo, que deveria ter valorizado e revitalizado toda zona envolvente, da Cantareira à Foz do Douro, reservando tudo o que tem de bom, e que já é dado de forma natural, privilegiando obviamente o eléctrico. Mas não! em vez disso, removeram os carris (o que infelizmente impossibilitou a ligação de eléctrico desde o Infante até à Rotunda do Castelo do Queijo). Podiam ao menos manter a linha à volta do Castelo da Foz, e ligá-la à existente, permitindo a sua passagem de volta pela Avenida das Palmeiras (Av. de D. Carlos I). Em vez disso a CMP optou por obras baratas, como cimentar passeios e a repavimentação de algumas ruas daquela zona (para quê gastar dinheiro se o que interessa é que fique baratinho…!). Ao menos lembraram-se de construir a via ciclável na Rua Coronel Raul Peres. Mas isso não chega. Entre os novos molhes até aos pilotos, a Avenida das Palmeiras permanece na mesma. Mantém um estado degradado, preenchida de carros (e quartos) virados para o rio, sem uma ciclovia digna da função. Toda a zona requer uma intervenção urgente, que adopte um critério de disciplina urbana visando a sua preservação e característica original, e isso passa pela impreterível retirada dos automóveis e a construção de uma via que dê uma continuidade tranquila ao passeio das bicicletas. Quanto aos ciclistas que chegam pela via ciclável existente, tanto quem vem  junto ao rio como quem chega vindo da Avenida Brasil, (no meu caso montado numa bicicleta equipada com pneus de 20mm), dificilmente arrisca pedalar num piso lunar de granito onde supostamente se encontra a ciclovia (!!!), ou no paralelo irregular da avenida, e opta pelo asfalto da rua rejuvenescida. Outros, equipados com pneus BTT, pelo menos têm uma boa alternativa que é atravessar os caminhos sombreados pelas árvores do jardim.

A zona do Passeio Alegre tem valores históricos e artísticos que deverão ser considerados, não apenas como elementos urbanos mas sim como fazendo parte de um todo que deve viver em estreita relação com a natureza. A preservação da moldura do jardim é importante, e é necessário o seu enquadramento com o rio, numa visão moderna que acautele os espaços e a sua qualidade. A cidade e todos nós só teriamos a ganhar.

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Sobre paulofski

Na bicicleta. Aquilo que hoje é a minha realidade e um benefício extraordinário, eu só aprendi aos 6 anos, para deixar aos 18 e voltar a ela para me aventurar aos 40. Aos poucos fui conquistando a afeição das amigas do ambiente e o resto, bem, o resto é paisagem e absorver todo o prazer que as minhas bicicletas me têm proporcionado.
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4 respostas a um passeio que poderia ser bem mais alegre

  1. É pena só algumas pessoas conseguirem ver a “luz” ou se fosse um filme de “fixação cientifica” ….”sentir a FORÇA” ! Sou de Lisboa , mas tenho noção que Portugal não é só a capital e também tenho noção que o “OPorto” é também um destino turistico do país, nem que seja para ver o estádio do Dragão! ….ah não era isso! ahahahha Ia dizer nem que fosse pela quantidade de edificios históricos, pela casa da música, pelo vinho do Porto e as caves, as francesinhas…meu deus…as francesinhas!….etc…. um sem nº de coisas que puxam pelos turistas!
    Ora bem….uma vez que quem está no poleiro do país ou mesmo das autarquias só lhes interessa duas coisas… não gastar dinheiro! ….e encher a caixa de dinheiro ! deveriam pensar que com um pequeno esforço monetário em modernizar as cidades , deixá-las mais limpas como está tão em moda, e devolvê-las às pessoas ….esse acto traria mais turistas e que com eles vinha o dinheiro ! A longo prazo o que investiriam ( porque o investimento se for bem feito é só feito uma vez e dura muitos anos) seria devolvido à caixa e aumentado , sim porque os turistas….esses….não vêm só uma vez! eles voltam se gostarem , recomendam a amigos, a cidade passa a ser noticia pela positiva , etc…!
    Será assim tão dificil perceber isso?! Eles também gostam de andar de electrico, de bicicleta e até a pé! quem diria!? Tudo isso numa cidade mais limpa e “arejada”. Os investimentos valeriam a pena…..se bem feitos e pensados!

    Desculpa falar só em turistas , mas com a nossa experiência ao longo dos anos já sabemos que o que é feito em Portugal para melhorar a qualidade de vida é como a expressão diz : ” é para inglês ver! ” Não é para quem vive propriamente nas cidades.
    Abraço!

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