vou, vou. O melhor, todos os dias…

Por estes dias uma campanha publicitária espalhada nos mupis da cidade prendeu-me a atenção. A BP Portugal anuncia o programa “Drive Carbon Neutral”, com o slogan “Vá de Bicicleta. Se não puder vá com a BP”!

De acordo com o presidente da BP Portugal, Pedro Oliveira, esta campanha é “o resultado de um ano de trabalho, que visa contribuir para a nova ambição da BP de atingir a neutralidade carbónica até 2050 e ajudar o mundo a atingir o mesmo objetivo”. Supostamente com a neutralidade carbónica em vista, a campanha é dirigida aos seus clientes, habituais e potenciais, onde a BP se compromete compensar a emissão de mais de 2 milhões de toneladas de carbono por ano, o equivalente, segundo a empresa, a retirar 400 mil automóveis das estradas.

Vamos tirar dois milhões de toneladas de carbono do sistema”, sublinhou.

“As escolhas que fazemos todos os dias podem ter um grande impacto na nossa pegada de carbono individual, em especial a maneira como viajamos em trabalho ou em lazer. Enquanto o mundo não consegue atingir a neutralidade carbónica, e como afirma a própria campanha de comunicação, “Vá de bicicleta (a pé ou de trotinete). Se não puder, vá com a BP”.

 “Assim, enquanto conduz com combustíveis BP, o cliente sabe que, por todo o mundo, estão a ser apoiados projectos que compensam as emissões de carbono dos seus abastecimentos.”

O presidente da BP Portugal acredita que a petrolífera acabará o ano com resultados positivos, apesar das quedas registadas na sequência da pandemia.

A brutal diminuição de viagens a nível global levou a uma forte redução no consumo de combustível. A COVID-19 tem tido um grave impacto global a nível económico e continuará a ter por um período mais longo do que o previsto. Os períodos de quarentena exigem que as pessoas “fiquem em casa” e evitem fazer viagens desnecessárias. Essencialmente, o coronavirus restringiu todas as formas de transporte público, ferroviário, rodoviário e aéreo, portanto, o consumo de petróleo do sector dos transportes caiu acentuadamente. A demanda por combustíveis fósseis, excepto GPL e gás natural doméstico, está em queda livre. Como consequência do confinamento devido ao efeito da pandemia, as refinarias foram forçadas a reduzir a sua produção.

A indústria está numa fase turbulenta. Como em muitas outras, a indústria petrolífera procura apoio junto dos respectivos governos para atravessar a turbulência financeira. Os países importadores de petróleo podem desfrutar de um preço baixo, enquanto os países exportadores terão que encontrar novos caminhos para gerar receita a partir de mecanismos alternativos.

“A empresa precisa se reinventar”, disse o novo director executivo da BP, Bernard Looney em conferência no passado 12 de fevereiro: “A estimativa mundial de carbono é finito e está acabando rapidamente; precisamos de uma transição rápida para a descarbonização.”

Está a BP a ficar “verde”?

Vai de facto a BP compensar as emissões de carbono de todos os combustíveis, gasóleo, gasolina e GPL utilizando créditos de carbono gerados a partir de projetos globais, rigorosamente selecionados, que financiam a utilização de energias renováveis, baixo carbono e a proteção das florestas?

Será este um passo no caminho certo, que uma marca de combustíveis incorpore a compensação de emissões de carbono na sua oferta para toda a gama de combustíveis e dessa forma se traduzir na redução das emissões?

Pedro Oliveira lamenta que em Portugal, ainda não existam programas de compensação de emissões de carbono certificados, mas sublinhou que estão a trabalhar para que tal seja possível.

Entre as condições para ser um “projeto elegível”, segundo Pedro Oliveira, “estão a necessidade de ser um projeto incremental (não “pipeline”) que compense na justa medida as emissões de carbono, sem fins lucrativos, e que promova a melhoria da qualidade de vida das populaçõe”s. O responsável espera que a BP abra caminho nesta área, tal como abriu no passado noutras áreas.

“Se todos os operadores incorporarem esta externalidade será a forma mais rápida, concreta e tangível de reduzir as emissões”, disse.

A COVID-19 já teve um fortíssimo impacto no preço e no comércio de petróleo bruto. O efeito combinado da guerra de preços e da COVID-19 resultou na redução do preço do petróleo Brent, atingindo “preços negativos”, o que levou os produtores terem de pagar ao comprador para levar e reduzir stocks. A queda do preço do petróleo já causou angústia suficiente entre os investidores do setor “upstream”, e dos fornecedores.

 “A BP teve que mudar”, acrescentou Looney. “E queremos mudar – isso é a coisa certa para o mundo e para a BP”.

Mas qual mudança? Andam todos iludidos? Publicidade Comparativa? A fonte primária de energia continuará a ser a mesma, não haverá qualquer alteração. Se fornecem a energia ao consumidor final sob a forma de hidrocarbonetos ou electricidade, pouco interessa! Continuo a acreditar que daqui por muitas décadas tanto a BP como outras multinacionais petrolíferas vão continuar com os mesmos postos de combustíveis fósseis por aí espalhados.

Eu, claro, eu vou continuar a ir e vir de bicicleta.

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Sobre paulofski

Na bicicleta. Aquilo que hoje é a minha realidade e um benefício extraordinário, eu só aprendi aos 6 anos, para deixar aos 18 e voltar a ela para me aventurar aos 40. Aos poucos fui conquistando a afeição das amigas do ambiente e o resto, bem, o resto é paisagem e absorver todo o prazer que as minhas bicicletas me têm proporcionado.
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2 respostas a vou, vou. O melhor, todos os dias…

  1. Nelson Branco diz:

    Publicidade para inglês ver!
    Ou melhor… para português ver, que por enquanto, os ingleses nem vê-los!!!

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  2. Rui Sousa diz:

    #greenwashing ou não, a verdade é que não cometeram o mesmo erro da Repsol!

    https://aventar.eu/2017/11/01/a-repsol-e-as-bicicletas/

    Liked by 1 person

apenas pedalar ao nosso ritmo.

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