Esta espécie de apocalipse zombie, da loucura generalizada nas bombas de gasolina porque os motoristas de pesados de matérias perigosas decretaram nova greve, só demonstra a enorme dependência dos portugueses em relação aos combustíveis fósseis.
O ciclista não se sente ameaçado por esta greve mas sente diariamente a pressão do trânsito. Os engarrafamentos são um dos principais problemas para o bem-estar dos cidadãos. A opressão automóvel é inimiga do meio-ambiente e da mobilidade urbana. Deveria ser prioridade de qualquer governo não medir esforços para diminuir a quantidade de carros nas ruas.
Para os utilizadores da bicicleta, nem todas as cidades estão devidamente equipadas com infra-estruturas em meio urbano e serviços apropriados à bicicleta. Para o cidadão trabalhador que utiliza diariamente a bicicleta como meio de transporte, a bicla é a alternativa perfeita ao carro e aos transportes públicos.
Bastante apreciada pelos nórdicos e holandeses, implementada fielmente em grandes cidades europeias, a bicicleta conquista um lugar especial nos hábitos dos europeus. O uso da bicicleta diminui significativamente o congestionamento das estradas, a emissão de carbono, a poluição sonora e o consumo de combustível. Por sua vez, aumenta a qualidade de vida, ganhamos tempo, beneficia a nossa saúde e a da nossa carteira. É um meio de transporte prático, saudável, económico e ecológico. Vantagens não faltam, só é preciso pedalar e haver condições para tal!
Vários países acreditam que a bicicleta é o empurrão revolucionário para os grandes centros urbanos diminuírem o impacto do automóvel no meio ambiente. Para isso, é essencial tornar as cidades mais bikefriendly e promover a mudança de mentalidades e comportamentos. É fundamental Investir em infra-estruturas para os ciclistas e em políticas de prioridade e educação, alertando a população a respeitar este meio de transporte. Neste assunto a mestria e inovação dos holandeses é uma verdadeira inspiração.
A Holanda é a maior referência no ciclismo como meio de transporte. Exemplo de tradição e vanguardismo, o governo holandês encorajou as empresas a incentivar os seus trabalhadores colaboradores a adoptarem a bicicleta para as deslocações casa – trabalho. A ideia não é novidade. Através de um sistema de compensação financeira, o governo holandês incentivou as empresas a pagar 0,19€. por cada quilómetro pedalado no caminho de ida e volta casa-trabalho. Além das recompensas fiscais, os trabalhadores que troquem o carro pela bicicleta nas suas deslocações diárias recebem também subsídios para a compra de uma nova bicicleta.
Comparando com o que se verifica na Europa, em Portugal o hábito da bicicleta como meio de transporte ainda não é muito recorrente. Porém, apesar dos portugueses não serem um povo tipicamente ciclista, já existem centros urbanos em processo de adaptação à bicicleta. Como diz o povo, que “devagar se chega longe”, então junto a isso que “a pedalar é a melhor forma para lá chegar”.
Grande parte das deslocações casa – trabalho é feito em automóvel e corresponde a um percurso curto, em meio urbano. Estima-se que em média mais de metade não ultrapassam os 7 quilómetros! Juntando isso ao desperdício de tempo que se gasta nos congestionamentos, à despesa em combustível, ao estacionamento pago, a conta final absorve uma grossa fatia do orçamento mensal.
Imagina se recebesses uns trocos por cada quilómetro que pedalasses no caminho para o trabalho. Com um incentivo destes, estou certo que muito boa gente iria trocar o carro pela bicicleta. Iria respirar de alívio quando escapasse ao stress do trânsito caótico e ao drama do estacionamento. Iria concordar comigo que na bicicleta é que está o ganho.