Às vezes, quando revejo as minhas memórias vejo bicicletas. Fecho os olhos e desbravo um trilho de recordações, terra batida, lama, paralelos aleatórios e asfalto esburacado. Quarenta anos mais novo, no selim de uma bicicleta “de corrida”, a Altis cor de laranja do meu pai. A pura rebeldia da juventude. O caminho marcado ao longo dos anos, joelhos e cotovelos esfolados. O rosto sujo e suado, de sorriso e calção rasgado.
Soube bem mudar o chip e voltar a ser um bicho do mato. Trocar a burra de estrada pela roda 26. Descer à maluca, agarrado aos travões de disco, aos pinotes com pneus de monte. O Rui, se quis a minha companhia, teve de me emprestar a sua Bergolina que serviu lindamente para me deixar levar pela conversa da malta amiga do bêtêtê. De novo a terra batida, a lama, paralelos aleatórios e asfalto esburacado, que me reavivou memórias de outros tempos, desta vez pelos trilhos enlameados das Serras do Porto, no NGPS Gondomar.
Depois o furo da praxe e a surpresa pelo nosso pequeno (cof.) engano! Como eu e o Rui não usamos essa geringonça do gêpêésse, contavamos com o ovo no cú da galinha, seguindo na roda dos experts. Bastou um de nós ficar para trás, falhar o desvio de trilho, foram todos para um lado e eu e o Rui para o outro. Seguimos para aquele que era apenas o percurso mais longo, de 70 km’s, o que que só veio adocicar ainda mais um Sábado fresco e tristonho. No final, e com as devidas peripécias, nos voltamos a reunir em São Pedro da Cova para digerir o doce.
Também andei por aí, mas do lado de cá do monte! 🙂
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