Imagina ires de bicicleta para o trabalho. Imagina não teres de te preocupar com o trânsito e onde estacionar o carro. Imagina poupares dinheiro nos transportes públicos. Imagina só, deixar de imaginar desculpas esfarrapadas sempre que chegas atrasado. Imagina depois regressares do trabalho sem o remorso de teres desistido do ginásio. Suas as estopinhas, desopilas pelo parque, encontras amigos, vais às compras, ao pão…
A sensação de liberdade quando pegas na bicicleta e sais para treinar ao fim de semana é a mesma, não é só imaginação… Então, morcão, e porque não fazes isso mesmo, pegas na bicla e pedalas uns dez quilómetros diários, nas tuas idas e voltas do trabalho?
E assim, mais ou menos por esta altura ano, já lá vai uma década que libertei este meu delírio. Diariamente, bem cedo, passei a sair de casa com uma bicicleta na mão. Rasgando ganga no selim, untando a baínha na corrente, vento nas trombas, fazendo sol ou fazendo chuva.
“… Gingando pela rua ao som do Lou Reed. Sempre na sua, sempre cheio de speed…”
Gradualmente, as minhas bicicletas foram mudando os meus hábitos, como o meio ideal de transporte, saudável e sustentável. A bicicleta tornou-se tão banal quanto imprescindível. Na minha vida quotidiana, a dependência e o deslumbramento na bicicleta têm sido como de pão para a boca.