Ainda a pensar que estaria melhor na caminha, estava eu esta manhã estático no semáforo vermelho do Carvalhido a limpar a remela. No canto do olho percebo uma jovem senhora que pára mesmo ao meu lado, tira o rabo do selim e pousa o pé no chão.
“Bom dia”! Saúda-me simpaticamente, arreganhando a taxa como que a desafiar-me. Bom dia, retribuo, e tiro-lhe a pinta: Capacete rosa choque, farpela adequada à época invernal, bicicleta urbana xpto, e um par de volumosos alforges…
Mal cai o vermelho para os peões e lá vai ela toda lampeira a pedalar! Mas eu ainda não tinha pressionado o pedal e ela já levava uns bons vinte metros de avanço. Cum carago, fui comido de cebolada. Fiquei pior que estragado e dei ao pedal, suando as estopinhas até a apanhar no semáforo seguinte.
Ahhhaaa… Bem me parecia. A pedalar uma ova! A bateria encapotada no porta-couves entre o par de volumosos alforges denunciava a caranguejola eléctrica.
Ainda o vermelho iluminava o semáforo, e sem sinais de carros a cruzar a rua, a afoita moçoila voltou a accionar o mecanismo de assistência no arranque e deixou-me outra vez ali plantado, a comer pó. Desapareceu ao fundo na curva, e só depois de um bom esforço extra, quando estava a chegar ao meu destino, é que voltei a recuperar a auto-estima.
Ora, eu e os meus dois ou três leitores, bem sabemos que pedalar é sinónimo de prazer. Prazer por estar a praticar exercício físico, por a bicicleta nos transportar de uma forma activa, livre e recompensadora. Com a bicicleta tem-se uma relação íntima da qual se retira prazer psicológico por todas as sensações que uma boa pedala pode gerar. Às vezes parece masoquismo mas sabe bem uma boa subida para depois, atingido o clímax, descontrairmos na descida.
Já li em qualquer lado que a bicicleta é o equivalente a um consolo na mesinha de cabeceira! Será que a bicicleta com auxílio a motor eléctrico é como aquele selim… o Annie! Um vibrador com sete níveis de velocidade!?
Eu acho que é na boa. Uma bicla eléctrica terá a sua utilidade para quem dela precisa. Para quem vai trabalhar, para quem não quer suar, para quem tem de transpor as subidas sem se cansar muito. As bicicletas eléctricas terão o seu público. Por enquanto apenas sigo pedalando com o motor das minhas pernas, sem algum auxílio extra nem recurso às energias renováveis. Mas que fiquei feliz por ter mais uma parceira do pedal no meu precurso habitual casa-trabalho, lá isso fiquei.
Embora a reboque de um motor não deixa de ser melhor que as centenas de outros motores que vão poluindo o “vosso” ar…
Quem não tem cão, caça com gato! ou Quem não tem pernas, pedala com ajuda de motor! 🙂
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Quanto aos leitores… é melhor rectificar o n.º (pelo menos nesta publicação foram 4)
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Eu não sou utilizador de bicicleta eléctrica, mas não poderei afirmar que desta água não beberei. A certa altura quando escrevinhava o postal questionava-me se algum dia irei ter uma eléctrica? Possivelmente! Uma bicicleta eléctrica não é para mim uma necessidade do momento, mas na vida de um ciclista “a sério” quem sabe se não poderá vir a ter a sua importância! As pessoas que geralmente optam por este tipo de bicicleta, normalmente, procuram a conivência de um motor auxiliar para chegar mais longe e superar facilmente uma variedade de terrenos. O princípio é o mesmo e aplica-se a qualquer pessoa que tenha vontade de pedalar, e algum tipo de handicap para o fazer. A bicicleta eléctrica permite disfarçar o peso da idade, o esforço físico, a lentidão, o suor. É e será sempre uma boa opção para manter o compromisso da mobilidade.
Eu é que não gosto de ficar para trás na grelha de partida 😀
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