A cada oportunidade, circunstância ou lugar, procuro sempre destacar os aspectos positivos do ciclismo. As bicicletas proporcionam vários benefícios: à saúde, ao nosso bolso, ajudam a reduzir o trânsito e a diminuir a poluição. As bicicletas facilitam um modo de transporte e é uma opção para as pessoas se deslocarem diariamente com rapidez e comodidade.
Quando sou cumprimentado à porta do prédio, do elevador, com a bicla na mão, os meus interlocutores normalmente evocam uma imagem positiva da bicicleta. No entanto, como certas coisas mesquinhas da vida, há sempre um vizinho que entende a bicicleta como algo perigoso e evitável. Pensa que pelo facto de se dar ao pedal nas estradas ou em qualquer outro sítio vai sofrer algum tipo de acidente. Tem uma imagem preconcebida que gira em torno do ciclismo, de corridas de bicicleta, de trambolhões, de lesões, e que isso é coisa de putos. Enfatizam em demasia notícias negativas que esporadicamente publicam sobre quem usa a bicicleta.
Acidentes acontecem, infelizmente, mas ao contrário de notícias trágicas diárias sobre sinistralidade rodoviária, (relembro apenas que no dia de ontem, o dia para recordar as vítimas de acidentes de viação e reflectir sobre a segurança, foi apenas outro dia negro nas estradas nacionais) relatos envolvendo acidentes com pessoas que pedalam são felizmente muito mais invulgares que tantos outros acidentes envolvento veículos a motor.
Assim, e apesar de tudo, o ciclismo tem muitos benefícios. Tem-se incentivado mais o uso da bicicleta como meio de transporte. A crescente visibilidade da bicicleta no actual contexto tem vindo a reforçar os motivos e convicções sobre a sua versatilidade no meio urbano. Para estimar a velocidade, e é muitas vezes feita a comparação, andar de bicicleta é relativamente lento em comparação ao veiculo a motor, mas parte da razão que os não ciclistas desconhecem é que de facto a bicicleta é mais célere no centro da cidade: planeando um determinado percurso, uma rota alternativa, as bicicletas oferecem claramente muitas vantagens sobre os carros, são mais fáceis de estacionar, são mais manobráveis, silenciosas e limpas.
Os automobilistas que não gostam do ciclismo e, por conseguinte, de partilhar a via com ciclistas, vão sempre servir-se, com mais evidência, de esporádicos incidentes para promover uma publicidade negativa do ciclismo. Não lhes vamos dar importância, atribuir relevância às suas atitudes agressivas, vamos sim interagir assertivamente com eles nas estradas. Além das vantagens mencionadas, as bicicletas também lhe são especialmente úteis pelo seu lado positivo, pois retiram carros à via rodoviária. Para os automobilistas de mente mais aberta, devemos chamar atenção para a polivalência que uma bicicleta pode ter e usar a nossa presença como um lembrete, para que todos observem cuidadosamente os ciclistas em todos os momentos. É o sinal de que as bicicletas estão presentes, cada vez mais integradas na sociedade e lentamente a substituir os carros. Em suma, pedalar é uma coisa boa.