Quem se aventura a pedalar estrada fora entende muito bem o verdadeiro sentimento da amizade. Os ciclistas são rijos e são delicados ao mesmo tempo. São fortes para aguentar a dureza das distâncias, as contrariedades do clima e da estrada. Na sua resiliência, calejados que estão na vivência sobre o selim de uma bicicleta, são susceptíveis ao cansaço, às quedas, ao sofrimento e à superação dos desafios. Qualquer que seja a classificação, a lentidão, o tempo que demoram a transpor a montanha, todos são vencedores. Enquanto pedala, o ciclista tem tempo para matutar, reflectir, imaginar, sentir o que o rodeia, porque a velocidade da bicicleta assim o permite: o suor, a respiração, a batida do coração, a explosão, a audácia que concede a superação. Na sua roda poderá trazer um colega de equipa. À sua frente irá um amigo que o auxilia. Perto de si poderá estar um adversário. Qualquer ciclista é um amigo, alguém que entende, que espera, que motiva, que acompanha, incentiva, ajuda…
Nas minhas pedaladas tenho muitos momentos em que sempre estarei sozinho. Não há um companheiro, um familiar, ninguém por perto. São quilómetros de pedaladas em solitário. Só eu e a bicicleta! E a dado momento, o pensamento corre depressa e até parece que dou em doido. Dou comigo a conversar com ela, porque se há alguém que nos compreende nestes momentos de solidão é a nossa bicicleta. Para alguém que não entenda, na solidão da estrada temos de confiar na bicicleta, naquela que nos leva, que nos restitui o rumo, na ferramenta da nossa liberdade, da maior liberdade que podemos ter. Estranha estrutura construída de forma simplificada e que nunca será ultrapassada. Possessiva e ao mesmo tempo serva. Fiel depositária das nossas energias. Veículo popular em que posso encontrar um qualquer amigo e que me poderá acompanhar, pedalar ao meu lado e não me deixar sentir sozinho.
costumo apenas gostar..
desta vez, também gostei..mas achei lindo.
parabéns
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subscrevo totalmente…
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obrigado pelo comentário
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