Na hora de escolher o modelo, a primeira coisa a pensar é se ele acolhe as nossas necessidades. Afinal de contas é lá que depositamos o abono de família e as partes mais sensíveis do canastro.
Qual o selim que devo escolher? Em primeiro lugar esta é uma escolha que vai para além do gosto pessoal. Escolher um selim não pode ser somente uma questão de beleza ou leveza. Claro que um “sofá” não é o mais adequado para uma bicicleta de estrada, nem um selim leve e fininho, tipo tábua de passar a ferro, é vistoso numa pasteleira. Não devemos escolher pelo preço, pelo estilo ou quanto ele pesa, mas sim se ele serve realmente as nossas necessidades.
Atendendo à modalidade, se para utilização urbana, passeio, estrada ou monte, em todas as linhas de selins a flexibilidade é a característica a ter em conta. Quanto maior a flexibilidade melhor será a agilidade do ciclista. Em cada uma dessas modalidades há necessidades específicas. As bicicletas de passeio e outras, por exemplo para a utilização tipo cross country, em que a preferência é o conforto, uma vez que os seus utilizadores se interessam em percorrer grandes distâncias sem necessidade de muita velocidade, deve-se optar por um selim confortável com uma boa base de apoio onde podem assentar devidamente os ísquios, pois pedala-se quase que 100% do tempo no selim. Assim como a forqueta com suspensão faz a diferença nos braços, os selins de molas, espuma ou gel, oferecem um maior conforto. Já para as bicicletas de utilização urbana, onde de se pode pedalar por mais de 20-30km sobre um selim em utilizações curtas e em variados tipos de piso, nem sempre é preciso ter um selim superfofo, mas um que permita uma boa mobilidade das pernas e facilite a manobra de montar e desmontar da bicicleta. Nas biclas de estrada e nas btt’ês deportivas, o selim deve ser um pouco mais estreito e leve, uma vez que a cadência das pernas é bem maior e muitas das vezes pedala-se tanto em pé quanto sentado.
Alguns modelos oferecem quase 300 mm de comprimento permitindo que o ciclista deslize sobre o selim de forma a aumentar a amplitude de movimentos e exercer maior força sobre o selim. Pode-se ainda variar a posição, inclinação, altura do selim tendo em atenção que os músculos trabalham de maneira diferente. Nota: O selim deve estar sempre nivelado, paralelo ao solo na horizontal.
Utilização masculina ou feminina? Não poderia ser diferente com a escolha dos selins. Nesse caso, devemos seguir a anatomia humana, em que algumas mulheres possuem uma anatomia entre os ísquios maior devido à bacia, necessitando de um selim com uma base maior e mais curta. Já nos homens, esta distância entre os ísquios é menor e a região do períneo maior, podendo o selim ser mais longo. Existem selins com medidas que variam de 250 a 300mm de comprimento e larguras que variam de 125mm a 170mm. O melhor e mais prático método para a escolha do tamanho do selim é a experimentação, sentar e sentir se o rabo está correctamente apoiado no selim ou não.
Pode-se até ter feito a escolha acertada e ser o selim o mais adequado às proporções anatómicas, objectivos e modalidade, mas se estiver alto ou baixo demais irá interferir demasiado com o desempenho e gerar um desconforto nas chamadas partes baixas e incomodar ao ponto de provocar lesões. A altura influencia exactamente o posicionamento e “encaixe” dos ísquios na base mais ampla do selim, sem falar na posição correcta das pernas durante a pedalada, evitando pressionar os joelhos, e aumentar a força sobre os pedais. Está comprovado que um bom posicionamento do selim pode aumentar até 30% de rendimento da força exercida nos pedais. Muitas vezes nas pedaladas mais longas, com largos períodos de poiso no selim, e após trechos e trechos de irregularidades, subidas onde se pedala com mais força causando maior pressão, pode haver uma maior sensibilidade no períneo devido à trepidação e esforço, e, em virtude disso, sentir algo parecido com um “formigueiro”. Sim, isso é mais normal do que se imagina, mas se após uma mudança no posicionamento ou ir levantando o rabo do selim isso já melhora, é aguentar e dar ao pedal pois essa hipersensibilidade é normal. Caso os sintomas persistam mesmo sem pedalar então já é melhor procurar assistência médica.
É sabido que selins bons exigem um maior desembolso financeiro. Para além de ser uma peça fundamental, o selim é também uma coisa pessoal. Nem sempre o mais leve, o mais bonito, é o melhor. Actualmente, já existem mais opções de selins ergonómicos, desenhados para retirar o peso da área do períneo e distribuí-lo para as nádegas e ísquios. O conforto vale mais na pedalada do que o peso total da bicicleta. Estas são pelo menos as básicas dicas para o início de um casamento ideal com a nossa bicicleta, pois lembrem-se que é no selim que passamos a maior parte do nosso tempo enquanto dámos ao pedal.
Obrigado, Paulo, por um texto bem esclarecedor!
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De nada xôr anónimo. Volte sempre 🙂
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existe um sistema para medir a distância dos ísquios, uma a ferramenta de medição chamada Specialized Saddle Fit System (Sistema para Ajuste de Selim Specialized), pode também ajudar na escolha do Selim, é da Specialized, mas é provável que existam noutras marcas.
😛
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Aproveito o comentário anterior e deixo link com informação bastante útil sobre esse sistema e dicas que podem ajudar no momento da escolha do selim. Grato pela atenção.
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Estou republicando o que você constrói aqui! um ciclista sem bicicleta do Brasil….
http://wp.me/psvm-vq
Oxalá não me venhas em cima com a lei do copyright…
Tarcisio
Por enquanto em Aveiro
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Republique à vontade Tarciso, agradeço-lhe a divulgação.
Abraço.
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