Vista a anormalidade da quantidade de ruas (palavras do taberneiro) que eu teria de percorrer por terras de Valentim, vejam só o quanto tenho de desbravar no mapa cor-de-rosa, decidi pôr rodas e pernas ao caminho. Fintando o vento e a chuva, ontem fui no lombo da GOrka para a minha segunda prospecção na filigrana rodoviária do concelho de Gondomar.
Em Fânzeres vivi mais de 25 anos e foram essas ruas tranquilas que me ensinaram a dar as primeiras e, mais tarde, longas pedaladas. Só que ao fim de tanto tempo sem percorrer caminhos de outros tempos, o meu mapa mental estava há muito desactualizado. Assim e para reunir boa informação para o voluntariado dos mapas, decidi conhecer in-loco as novas artérias gondomarenses.
O meu primeiro objectivo foi interceptar a Linha Laranja, que liga o Estádio do Dragão (Puooortooo) a Fânzeres por Metro. Após cruzar a linha junto à Igreja de Rio Tinto, retorcedi para rever a estação de combóios. Depois fui para os lados de Baguim do Monte e foi depois entre a estação da Venda Nova e da Carreira, a subir para a estrada da Formiga, que cruzei com o nosso heroi do dia.
– Então, isso vai ou não vai?
– Vai, vai, mas agora vou a pé!
António Couto, ciclista urbano/rural decidiu testar os pneus boiaux da sua velhinha Reynolds.
– Há dezanove anos que não pegava nela e tive de lhe trocar os pneus, mas o de trás não está bem. Anda aos saltos!
Realmente o pneu fazia uma curva e contracurva na zona da válvula. – Acho que é só vazá-lo, endireitá-lo e voltar a encher!, disse-lhe, mas sem muita convicção. Depois a minha curiosidade levou a conversa para saber mais daquela relíquia e o sr. António que só tinha olhos para a GOrka.
– Esta deve ter uns quarenta anos e tenho outra, guardada em casa do meu filho, que é mais antiga e mais pesada. Perfiro esta, só que agora estou mais enferrujado do que ela!
Contei-lhe o que andava eu por ali a fazer, – Você veio da Prelada até cá!, e depois falamos sobre as melhorias que o Metro trouxe para a vida das pessoas. Nem a chuva fria e pesada que entretanto nos apanhou nos demoveu o paleio.
– Sabe que quando era mais novo ia de bicicleta para o trabalho e todos os dias subia a Serra de Valongo!
Despedi-me do sr. António, invejando-lhe o espírito jovial (esqueci-me foi de lhe perguntar a idade, mas também o que isso importa) e a sua belíssima bicicleta.
Voltei à estrada, reencontrei a linha do Metro e mais à frente dei com a Avenida da Conduta que rasga boa parte do concelho de Gondomar de Norte a Sul. É uma via larga, perfeitamente ciclável onde, pelo que pude ver, muitos gondomarenses aproveitam para umas corridas saudáveis. Entretanto surge a ciclovia, com +/- 1 km, a qual vai dar praticamente ao centro da cidade. Após uma subida razoável e um paralelo intragável mesmo em frente à casa do Valentim, a CMG, entrei nas ruas Novais da Cunha e Luis de Camões, encontrando a nacional 209 para descer com os olhos em lágrimas pela velocidade impulsionada até à rotunda do Freixo. Dali até casa fui pelo caminho habitual junto ao rio.
O mapa de todo o percurso vem a caminho porque agora estou cansado.
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