
Li recentemente que um estudo revelou que cerca de 1000 peões são feridos por bicicletas por ano no Estado de Nova York (algo como dois terços só na Big Apple). Comprovou o estudo que essas mil pessoas ficaram feridas o suficiente para recorrerem a um hospital para tratamentos. Por outro lado, dificilmente encontraram o registo de dados de acidentes mortais envolvendo peões e bicicletas, já que ao passo, no mesmo período, constataram que mais de 300 peões morreram em consequência de ferimentos provocados por atropelamentos com veículos automóveis.
O que esses números não identificaram foi quem foi (é) o maior culpado desses acidentes. Há por aí tanta malta que caminha descontraída distraída, a pensar na morte da bezerra, que nem que se apercebe onde põe o pézinho. Peões que primeiro descem dos passeios e só depois olham para o tráfego (quando olham!) ou a sair de entre carros estacionados. Eu já perdi a conta ao número de vezes que, quando pedalo numa ciclovia e em ruas pedonais (Cedofeita, por exemplo), tenho de me desviar de totós de cabeça no ar, a conversar ou a enviar mensagens ao telemóvel, de outros que correm com fones ouvindo música e de crianças que fazem reviravoltas súbitas à minha frente. Nem preciso recordar o que estes alienados comportamentos podem causar à integridade física de um ciclista e eu já fui vítima de quedas, felizmente sem grandes lesões para além dos calafrios. Mas há também comportamentos de alguns ciclistas que me fazem passar dos carretos, sobretudo os cromos das bmx, com atitudes irresponsáveis em situações onde não só se colocam eles próprios em sério risco como arriscam o coiro alheio ao circular em zigue-zague por ruas pedonais, nos passeios e a descer escadas em velocidade extrema.
Cabe àqueles que pedalam uma boa dose de senso, andar defensivamente e prestar atenção a tudo o que os rodeia para que a sua capacidade de manobra seja mais eficaz, podendo travar ou então circundar o pateta que se atravessou à sua frente e assim evitar o acidente. Menor velocidade significa menor probabilidade de uma colisão fatal.
As pessoas deveriam entender que as ciclovias são vias onde há uma forte possibilidade de encontrar uma bicicleta a rodar. Quem pedala receia ir bater com os ossos no cimento e salvaguardando-se toma precauções redobradas quando circula por entre bandos de gente desorientada. Lembrem-se que não é fácil superar as leis da física. Se estamos a compartilhar os passeios, trilhas, estradas, ruas ou ciclovias, há “maneiras de ir”, que, se bem respeitadas as regras, são destinadas a nos manter a todos seguros.

Os condutores de automóveis deveriam perceber que quanto mais bicicletas menos carros e menos congestionamento. Respeitar as regras não é assim tão complicado. Com um comportamento mais consciente, mantendo os olhos na estrada, conduzindo devagar, gastam menos combustível e ainda chegam onde vão ao mesmo tempo. Não se esqueçam que somos todos passageiros, compartilhamos o mesmo espaço, apenas tentando chegar onde precisamos estar.
O melhor que qualquer um pode tentar fazer é ser responsável pelas suas próprias acções e, se possível, um pouco mais complacente com as distracções dos outros. Todos nós devemos compreender que todas as pessoas, dirigindo, pedalando ou caminhando são passíveis de cometer erros. Alguns são precipitados, mas isso não significa que sejamos todos imprudentes.



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