testemunho a pedal [3]

A ideia (destes “postes”) foi tentar demonstrar que não é preciso ser-se um super-herói para andar de bicicleta no Porto, nem de empreender nenhuma odisseia quando se pretende pedalar pelos arredores. Além de ser possível fazer, é bastante mais fácil do que aquilo que as pessoas julgam, e vão ver que 50km por semana não é nada de especial. Acabam por ganhar bastante tempo e poupar preocupações nestas pequenas deslocações. Tudo depende do ciclista. Eu fui aprendendo com os erros que cometi e cometi bastantes. Basta haver bom senso para se circular em segurança. Nas ruas pedalar sempre na faixa da direita e permitir as ultrapassagens, se isso não condicionar a nossa segurança. Seguir sempre no mesmo sentido dos carros. Procurar estar atento aos peões, que saltam para a estrada sem olhar, e não esquecer os carros estacionados. Soube através de sites de bike commuting que um dos acidentes mais comuns entre ciclistas acontece quando pessoas abrem as portas dos carros sem verificar se vem alguém atrás (este não experimentei!). Há que saber quando podemos andar depressa e quando devemos andar devagar. Sempre que as houver, devem aproveitar as ciclovias e evitar ao máximo pedalar nos passeios, que podem ser bem mais perigosos do que pedalar na estrada. Prever os movimentos súbitos dos transeuntes, adultos e crianças, contar com carros a sair de garagens e não esquecer os animais. Existem ruas com muitas ratoeiras. O piso pode ter buracos, tampas de saneamento altas ou fundas, pode acontecer por exemplo entalar a roda da frente no carril dos eléctricos (ai como eu sei disso). Convém avaliar as condições do piso quando está molhado e ter cuidado na abordagem a uma rampa ou subir um passeio, que por mais baixo que seja deve-se sempre tentar fazer com um ângulo aberto e com o rabo fora do selim. Depois só falta os cuidados da bicicleta, não esquecer de calibrar os pneus, verificar o estado dos travões, a iluminação, lubrificar as engrenagens. A meu ver, a bicicleta de ciclo-turismo que tem um selim e posição mais confortável, reflectores e luzes, pode ter amortecedor, guarda-lamas, alforges, tudo isso a um preço bastante acessível, é a ideal para quem se queira iniciar nestas andanças.

(Um exemplar de citybike. Não é minha mas poderia ser)

E para finalizar, demonstro com números o tempo que demoro de casa ao trabalho nas várias hipóteses à hora de ponta e pelo percurso atrás descrito (aqui o mapa do percurso) em vários meios de transporte: Carro: 40’ (20 minutos dos quais desperdiçados a procurar uma vaga de estacionamento grátis. Se o deixar nos parques posso dizer adeus a 8€)
Transportes públicos: 30’ (10´a pé + 5´de metro + 15’ de autocarro, excluindo os tempos de espera e o passe mensal)
Bicicleta: 15’, nas calmas, de graça e sem poluir.

Ou seja, há outras alternativas ao individualista automóvel. Os solitários automotorizados ocupam muito espaço nas ruas e todos nós saímos prejudicados. Temos de perceber o quanto somos dependentes de um símbolo de status que é cada vez mais dispendioso e um empecilho das cidades modernas.

* Um agradecimento especial ao Miguel Barbot pelo incentivo.

Sobre paulofski

Na bicicleta. Aquilo que hoje é a minha realidade e um benefício extraordinário, eu só aprendi aos 6 anos, para deixar aos 18 e voltar a ela para me aventurar aos 40. Aos poucos fui conquistando a afeição das amigas do ambiente e o resto, bem, o resto é paisagem e absorver todo o prazer que as minhas bicicletas me têm proporcionado.
Esta entrada foi publicada em motivação. ligação permanente.

5 respostas a testemunho a pedal [3]

  1. >Parabéns, Caro paulofski ! Aqui está o que falávamos há dias ! Pena que muito mais gente não faça o mesmo ! :))Conheço perfeitamente cada parte desse percurso !

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  2. Gi diz:

    >Eu utilizo o comboio e o SATU e, em 30 minutos, estou em casa.

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  3. Kok diz:

    >Quase que me convences a ir ao Porto andar de bicicleta…Da forma como descreves "a coisa" até nem parece difícil optar pelas 2 rodas em vez das 4.Sobretudo depois de algum tempo (anos??) em prática constante e continuada.E com a crise energética que se adivinha cada vez mais a tua ideia ganhará adeptos!Akele abraço pah!

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  4. Teté diz:

    >Quando entro aqui já venho a pedalar… :)))Um ciclista "só" se tem de preocupar com os carros, as pessoas, os animais, as portas dos carros que abrem, as saídas de garagem, as tampas de esgotos, os carris dos eléctricos, o estado do piso e se está molhado ou não? Ui, que fácil! 😀

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  5. >Pedalando no teu gabinete, vou recordando o meu Porto, com saudade.

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apenas pedalar ao nosso ritmo.

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