“Ó Paulo, tu que andas muito de bicicleta podes me ajudar. Que selim devo escolher para não ficar com o rabo todo ƒΘÞ∗þΦ?”
Na hora de escolher o modelo de selim, a primeira coisa a pensar não é na tortura que te vai infligir mas se é o assento ideal para acolher da melhor forma as tuas necessidades. Afinal de contas é lá que o ciclista deposita o abono de família e as partes mais sensíveis do canastro.
Escolher um selim não pode ser somente uma questão de beleza ou leveza. Claro que um sofá não é o mais adequado para uma bicicleta de estrada, nem um selim tipo tábua de passar a ferro é vistoso numa pasteleira. Não o devemos escolher pelo preço, pelo estilo ou quanto ele pesa, mas sim se ele serve realmente para preservar da melhor forma a tua ferramenta. Cada rabo sua sentença.
Atendendo à modalidade, se para utilização urbana, passeio, estrada ou monte, em todas as linhas de selins, a flexibilidade é uma característica a ter em conta. Quanto maior a flexibilidade melhor será o conforto do ciclista. Em cada uma dessas modalidades há necessidades específicas.
As bicicletas de passeio e outras, por exemplo para a utilização mista em que a preferência é o conforto, uma vez que os seus utilizadores se interessam em percorrer variados tipos de piso sem necessidade de muita velocidade, deve-se optar por um selim confortável com uma boa base de apoio, onde podem assentar devidamente os ísquios, pois pedala-se quase a totalidade do tempo alapado no selim. Assim como a forqueta com suspensão faz a diferença nos braços, os selins de molas, espuma ou gel, oferecem um maior conforto. Já para as bicicletas de utilização urbana, onde de se pedala distâncias mais curtas, nem sempre é preciso ter um selim superfôfo mas um que permita uma boa mobilidade das pernas e facilite a manobra de montar e desmontar da bicicleta. Nas biclas de estrada e nas bêtêtês, onde se pedala com maior velocidade e por mais horas, o selim deve ser um pouco mais estreito e leve, uma vez que a cadência e agilidade das pernas é bem maior.
Utilização masculina ou feminina? Não poderia ser diferente com a escolha dos selins. Nesse caso, devemos seguir a anatomia humana, em que algumas mulheres possuem uma anatomia entre os ísquios maior devido à bacia, necessitando de um selim com uma base de apoio um pouco maior e comprimento mais curto. Nos homens, como a distância entre os ísquios é menor e a região do períneo maior, o selim normalmente é mais estreito e mais longo.
Há vários tamanhos de selins, com medidas que variam de 250 a 300mm de comprimento e larguras que variam de 125mm a 170mm. As medidas dos meus selins vão desde 160mm a 145mm, que é a medida mais comum para a maioria dos ciclistas, mas pode variar de rabo para rabo. Muitas vezes, nas pedaladas mais longas, com largos períodos de poiso no selim, e após trechos e trechos de irregularidades, subidas onde se pedala com mais força causando maior pressão, pode haver uma maior sensibilidade no períneo (a zona da próstata) devido à trepidação e esforço, e, em virtude disso, sentir algo parecido com um “formigueiro”. Sim, isso é mais normal do que se imagina, mas se após uma mudança no posicionamento ou ir levantando o rabo do selim isso já melhora, é aguentar e dar ao pedal pois essa hipersensibilidade é normal. No mercado podemos encontrar vários modelos com um corte ergonómico para aliviar o desconforto na área perineal.
Podemos ter feito a escolha acertada e ser o selim o mais adequado à anatomia, objectivos e modalidade, mas se estiver mal colocado no espigão da bicla irá interferir negativamente com o desempenho e gerar um desconforto e incomodar ao ponto até de provocar lesões. A altura influencia exactamente o posicionamento e “encaixe” dos ísquios na base mais ampla do selim, sem falar na posição correcta das pernas durante a pedalada, evitando pressionar os joelhos, e aumentar a força sobre os pedais. Está comprovado que um bom posicionamento do selim pode aumentar até 30% de rendimento da força exercida na anca. Pode-se variar a posição, inclinação e altura do selim, tendo em conta que os músculos trabalham de maneira diferente.
Nota: O selim deve preferencialmente estar sempre nivelado, paralelo ao solo, na horizontal.
Portanto, para uma boa escolha do selim há que ter em conta todo um conjunto de factores. A escolha de selim é uma questão tão pessoal, que só o velho método científico experimental servirá para encontrar a solução para qualquer dúvida. O melhor e mais prático método para a escolha do tamanho do selim é a experimentação, sentar e pedalar. Sentir se o rabo está correctamente apoiado no selim, e pedalar, pedalar, pedalar. Algumas lojas disponibilizam selins de teste, com a vantagem de poder experimentar vários modelos e medidas para uma escolha acertada. Agora, não nos podemos esquecer que um bom par de calções com carneira, bibshorts em estrangeiro, têm um papel fundamental no conforto do nosso rabinho.
É sabido que selins bons exigem um maior desembolso financeiro. Para além de ser uma peça fundamental, o selim é também uma coisa pessoal. Nem sempre o mais leve, o mais bonito, é o melhor. Actualmente, já existem mais opções de selins ergonómicos, desenhados para retirar o peso da área do períneo e distribuí-lo para as nádegas e ísquios. O conforto vale mais na pedalada do que o peso total da bicicleta. Estas são pelo menos as básicas dicas para o início de um casamento ideal com a nossa bicicleta, pois lembrem-se que quando se dá ao pedal é no selim que se passa a maior parte do tempo.
Boas pedaladas
Quanto ao ângulo, eu costumava usar o selim na horizontal mas, após estudos e testes, optei por inclinar para a frente, muito ligeiramente, apenas 1 ou 2 graus.
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