A estrada não é apenas um caminho, é algo mais do que isso. Por mais vezes que repitamos o mesmo caminho, a mesma estrada, não consideramos fazer “um desviozinho”. E porque a estrada é uma encruzilhada onde convergem e divergem outros caminhos, há outros lugares que desconhecemos e esperam por nós para serem descobertos.
Por uma questão de falta de tempo oportunidade fui adiando o desejo de fazer aquele curto desvio num dos meus caminhos. Ir explorar aquele pedaço de estrada nacional sem saída, como indica o sinal rodoviário. Talvez o facto de saber que depois teria de subir tudo de volta seria um mero pretexto, mas naquela manhã lá decidi e virei à esquerda.
Acompanhado por uma esplêndida paisagem, deslizei suavemente pelas curvas e contracurvas de um asfalto renovado. O sol reflecte-se no espelho de água e, pouco depois, surge um pacato casario. Após o íngreme declive da estrada, agora de em empedrado escorregadio, desci ao nível do rio.
Enquadrada entre o Douro e uma densa floresta, Porto Carvoeiro tem o estatuto de Aldeia de Portugal. Foi uma bela surpresa. Acabei rendido a este recôndito e tranquilo lugar. Em tempos este pequeno cais fluvial foi um importante entreposto comercial, onde ancoravam barcos Rabelos e outras embarcações que carregavam e descarregavam vários tipos de mercadorias, como o vinho do Porto, o sal, madeiras e o carvão.
Após uma breve pausa à borda d’ água para respirar todo aquele sossego, tirar uma fotografia e deglutir um snack, confirmei que dali eu só tinha uma saída. Voltar por onde havia chegado e subir de volta tudo o que havia descido. Confirmei também que quando escolhemos seguir um caminho desconhecido, este pode-nos dar a oportunidade de ver algo novo. Algo extraordinário.
Ok, depois cheguei atrasado para o almoço, mas sei que este meu pequeno desvio de rota valeu bem a pena.