
a UCAL, que foi da minha mãe e que me ajudou a aprender
Para começar pega nela, qualquer uma, mesmo aquela bicla velha de pneus vazios e corrente enferrujada que tens há muito abandonada. Enche-lhe os pneus, unta-lhe a corrente, monta-a delicadamente e impulsiona os pedais. Dizes que vais ficar com as pernas e o rabo doridos! É bem provável, mas o meu palpite é que ela te vai fazer sorrir, recordar velhos tempos, evocar a criança que explorava o mundo e arredores em aventuras com os amigos. Dá-lhe um par de semanas sentado no selim e verás como o teu corpo se volta adaptar a ela. Redescobres a sua simplicidade, a geometria, o peso, os travões, o equilíbrio. Uma estrutura simples, com duas rodas e um par de pedais que movidos pelo fogo dos músculos te dão uma sensação de liberdade. Há algo organicamente gratificante sobre o acto de usar a própria força e provocar movimento, velocidade, inclinação, vibrações e vento no rosto. Há a mudança de cenário, o poder ver, sentir e cheirar. Gozar do que a liberdade traz consigo, uma sensação de autonomia, um senso de proeza. E a bicicleta oferece-te tempo. Tempo para alcançar, para conhecer, para acompanhar ou ficar sozinho. Um simples passeio de bicicleta é muitas vezes um momento em que podemos gerar ideias, procurar uma melhor maneira de fazer as coisas, sonhar novas abordagens para a felicidade. As minhas bicicletas são um refúgio, o meu compromisso para uma vida melhor. É a antítese entre ficar enclausurado numa cápsula de anonimato ou, de um modo peculiar, manifestar os meus sentimentos ao mundo…

a Cosmos, que me fez voltar a ganhar e a viver