Chegou a hora da minha pedalada pós-laboral. Encerrado o expediente, arrumo o kit do dia-a-dia na mala de selim, solto-a do aloquete, ligo o contador e entro em modo solitário. Só eu e a minha bicla. Mesmo debaixo de um temporal, me embrenhando no meio do trânsito, a perspectiva de um período de “tempo sozinho” agrada-me. Quando a chuva dá tréguas e a agenda me permite, o passeio de volta a casa torna-se mais alargado e demorado. O caminho a escolher será sempre por minha conta.
Pedalando pelas ruas da cidade, na mobilidade simplificada para resolver certos assuntos, encarando as subidas e aproveitando as descidas, sigo o rio enquanto vou pondo os pensamentos em ordem. Numa hora, ou mais, antes de rodar a fechadura para me resguardar, finjo estar a fazer uma grande viagem, pelas montanhas ou numa fuga solitária, e ser o primeiro a cortar a meta!
É importante distinguir aqui a palavra “solitário”. Em contraste com a pessoa sentada ao volante de um carro, engarrafado no pára-arranca urbano, a não ser que se pedale uma bicicleta tandem, a opção para mim é seguir na minha, por conta própria. Não se está num ambiente fechado, isolado, mas estou só, em modo solitário, a usufruir da liberdade que a bicicleta me confere.
A verdade é que eu gosto de pedalar em grupo ou mesmo seguir a par com um amigo de ocasião. Assim como acenar para outros colegas entusiastas do ciclismo com quem me vou cruzando. Esta é uma ideia que acho atraente no ciclismo, a camaradagem. Como é maravilhoso pedalar, não importa a desculpa: exercício, lazer, trabalho… o que for! O passeio é que conta.
A propósito, ontem a meio do commute voltei a encontrar o Jacinto, velho companheiro de longas pedaladas, e o simpático grupo de amigos no seu passatempo diário, para pedalar em conjunto o que restava da minha rota.
Que maravilha. Aprecio muito essa tua “liberdade” de final de dia… É sempre bom ler as tuas aventuras.
GostarLiked by 1 person
Obrigado Nelson 🙂 , é sempre bom partilhá-las.
GostarGostar