Abordando essencialmente as preocupações e dificuldades sentidas pelos ciclistas urbanos em Lisboa, a mobilidade e questões de planeamento urbano na capital, eis o artigo do ano, de leitura absolutamente imperdível.
Ciclismo urbano: obstáculos de uma opção sem marcha-atrás
“Abriu de mansinho a época da caça ao ciclista, à boleia da inundação de trotinetes eléctricas, que se traduz num súbito excesso de zelo das autoridades em “sensibilizá-lo” para as regras de trânsito. Tem de haver bom senso.”
[…] “Obviamente que há ciclistas que têm comportamentos perigosos que devem ser corrigidos até pelo meio de coimas, mas não podemos negar que ainda é o comportamento negligente de alguns automobilistas que tem o maior potencial de colocar em risco a integridade física de outrem. Mesmo assim, não se tem assistido com o mesmo zelo à sensibilização dos que continuam a conduzir enquanto mexem no telemóvel ou/e passam passadeiras e vermelhos sem ter atenção aos peões. Tanto que um ciclista que se preze não anda aí a desrespeitar regras de trânsito à louco — quanto muito trata um sinal vermelho como um Idaho Stop, pois sabe que o menor erro que cometer ao não adoptar uma condução defensiva recairá sempre sobre ele o maior dano.
Dir-me-ão que o comportamento errado de uma parte não justifica o comportamento errado de outra, mas as leis só são verdadeiramente fortes quando são fiscalizadas e feitas cumprir. Quando essas mesmas leis se tornam anacrónicas e/ou ineficientes acabam por se esvaziar sem qualquer mal maior, sendo usadas apenas pontualmente para dirimir conflitos. É com esse raciocínio em vista que peço que haja um foco das autoridades no que realmente possa causar dano, ao invés de um ciclista que, para evitar contornar uma rotunda enorme, usa o passeio onde está mais seguro e se cansa menos; ou de um que passa um vermelho numa recta sem cruzamento. Também não me parece que se vá começar a multar peões por passarem fora da passadeira ou quando o semáforo está vermelho. Tem de haver bom senso para que enquanto as cidades e mentalidades não se adaptam a esta nova dinâmica na mobilidade urbana, se consiga facilitar a vida a todas as partes.”
Podes, e deves, ler na integra este excelente artigo de Edgar Almeida, no Publico, em: https://www.publico.pt/2018/12/25/p3/cronica/bicicleta-1855213