Na bicicleta o frio não se estranha, entranha-se. Afinal estamos no Inverno, o que não é de estranhar portanto que mesmo enchouriçado de roupa mal coloque o nariz fora da porta sinta um arrepio na espinha. O dia desponta bonito, mas não eram aqueles imberbes raios de sol reluzindo no alumínio da bicicleta que me fariam aquecer. Ao pedalar bem cedo para o trabalho, ou outro sítio qualquer, estamos livres e ao mesmo tempo expostos aos elementos matinais. De luvas térmicas e gorro enfiado a tapar as orelhas, mais que preparado para enfrentar este briol, dou as primeiras pedaladas do dia. O ar gelado morde-me a pele, penetra nas narinas e arrefece os pulmões. Rajadas de vento d’Este esbofeteiam-me o rosto e acordam-me de vez. Automaticamente levanto o rabo do selim, activo as pernas para dar ritmo aos pedais. Escalo ao topo da montanha, neste caso o viaduto sobre a VCI. Encolho-me no cachecol e prossigo, fungando. Lentamente a energia da pedalada reconforta, o movimento pedaleiro revigora e equilibra-me os níveis de humor. Ao arredondar a primeira curva já sinto a diferença com o corpo a aquecer, mas que está um frio do carago, lá isso está!
Quinze minutos depois, uma vez chegado ao destino, estou pré-aquecido e mais que pronto para começar a trabalhar.
É melhor esse tipo de aquecimento que se vai fazendo em crescendo em cima da bicla, do que, ficar a ferver num ápice num qualquer engarrafamento da VCI.
GostarGostar