o legado de Vhils

foto: Público

Alexandre Farto, AKA Vhils (foto: Público)

Alexandre Farto, digo, Vhils, é um obreiro a céu aberto, um artista português gerador de arte urbana. As suas obras captam a atenção a quem passa, a quem pára, a quem levanta os olhos para a cidade. Anda pelo mundo a esburacar paredes, a enobrecer muros com retratos, expressões, carácter. Criador na destruição, o trabalho de Vhils tem essa capacidade de transformar espaçõs consumidos pelo tempo num espaço de diálogo. Reconhecida globalmente, a sua obra já o levou a vários cantos do mundo, a espalhar arte pelas paisagens urbanas, por onde passa, em Aveiro, Nova Iorque, Açores, Paris, Moscovo, Hong Kong… até na estação espacial internacional.

Ontem recebeu o prémio personalidade do ano da Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal (AIEP), por “levar o nome do país ao exterior”. Na sessão de entrega do prémio Martha de La Cal, que decorreu no IADE – Instituto de Arte e Design, em Lisboa, a presidente da AEIP, Alison Roberts, enalteceu o trabalho de Vihls e o seu importante contributo na afirmação do país como um centro da Arte Urbana. Para Alison Roberts, no trabalho de Vhils “impressiona não só a sua habilidade com métodos e materiais, simbolicamente aliando a destruição à criação, mas a sua sensibilidade, a história do meio urbano e as vidas humanas nas comunidades onde ele trabalhou”.

“A forma como interpela os cidadãos e as cidades assume uma linguagem universal e sobre a condição humana, que a APEI lhe reconhece na atribuição do prémio, vai continuar a aprofundar-se cada vez mais e a engrandecer a nossa arte”.

Vhils, ou melhor, Alexandre Farto, 28 anos, cresceu no Seixal onde começou por pintar paredes e comboios com graffiti, aos 13 anos, antes de rumar a Londres, para estudar Belas Artes, na Central Saint Martins, depois de não ter conseguido média para uma faculdade portuguesa. A técnica que o notabilizou consiste em criar imagens, em paredes ou murais, através da remoção de camadas de materiais de construção, criando entulho e uma imagem em negativo. Além das paredes, já aplicou a mesma técnica em madeira, metal e papel, nomeadamente em cartazes que se vão acumulando nos muros das cidades.

“É interessante perceber como a arte tem o poder de criar uma relação com o ser humano e, a partir daí, criar diálogo e por o foco em situações nas quais a arte serve quase como uma arma para essas pessoas. É nesse sentido que o trabalho se tem espalhado e tem feito sentido em diversos sítios do mundo”, afirmou.

Da sua extensa obra, há também a realçar a sua primeira grande exposição em Portugal, em 2014, no Museu da Eletricidade, em Lisboa. “Dissecação/Dissection” atraiu mais de 65 mil visitantes em três meses. Outro trabalho marcante foi a sua colaboração com a banda irlandesa U2, para quem criou um vídeo incluído no projeto visual “Films of Innocence”, que foi editado em dezembro de 2014, e é um complemento do álbum “Songs of Innocence”. No ano passado o trabalho de Vhils também chegou ao espaço, à Estação Espacial Internacional (EEI), no âmbito do filme “O sentido da vida”, do realizador Miguel Gonçalves Mendes. No passado mês de Março, inaugurou a primeira exposição individual em Hong Kong, “Debris”, no topo do Pier 4 (Cais 4), uma mostra que reflecte a cidade e a identidade de quem nela habita, para ver e, sobretudo, “sentir”.

Vhils no Porto... e como sempre Sua Alteza quis ficar no retrato

Vhils no Porto… e como sempre Sua Alteza quis ficar no retrato

A primeira obra do artista português no Porto, a primeira num espaço privado, foi um “retrato” exposto na Fábrica Social – Fundação José Rodrigues há alguns anos. A segunda intervenção com a assinatura Vhils no Porto tornou mais visível um edifício histórico do século XIV, situado junto à Alfândega. Enquadrada numa zona de grande dinamismo e exposição, a obra está integrada num projecto inovador, o Look at Porto. A face e um olhar que se abre para um largo e possibilita a quem passa apreciar esta primeira obra pública, a primeir a céu aberto do artista no Norte.

“A peça combina elementos naturais e humanos, com o olho da figura a contemplar poeticamente a cidade e os seus velhos bairros, humanizando o espaço construído enquanto sublinha a riqueza do seu património humano”, escreveu Vhils na sua página no Facebook.

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Sobre paulofski

Na bicicleta. Aquilo que hoje é a minha realidade e um benefício extraordinário, eu só aprendi aos 6 anos, para deixar aos 18 e voltar a ela para me aventurar aos 40. Aos poucos fui conquistando a afeição das amigas do ambiente e o resto, bem, o resto é paisagem e absorver todo o prazer que as minhas bicicletas me têm proporcionado.
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