Antes do advento das redes sociais já éramos sociais. O relacionamento humano permanecia baseado na comunicação visual e verbal. Em todos os sentidos, cada parte comunicava com o outro, em tempo real. Depois dos olhos nos olhos, dos sinais de fumo, da comunicação escrita, o telefone e os audiovisuais, outras formas de comunicar foram surgindo. O reconhecimento pessoal mútuo levava à participação em reuniões e actividades conjuntas. Os cafés, por exemplo, eram um tradicional ponto de encontro. Este era também o modo de vida entre muitos dos aficionados das bicicletas antes do mundo digital.
Caímos na rede da globalização. Com o aparecimento da Internet tudo mudou e tudo ficou mais fácil. Algumas mudanças foram boas, outras nem por isso. Por definição, a rede social é um sistema interligado de pessoas, de conveniências e futilidades. Em todo o caso a rede foi feita na sua maior parte para a comunicação interpessoal. Apesar de ter sido originalmente uma forma das pessoas partilharem interesses, fazer amigos, a rede global transformou-se num chavão no mundo social e dos negócios. Para todos, ou quase todos, tornou-se em algo imprescindível e fundamental nos dias de hoje.
O ciclismo e as redes sociais tornaram-se bons parceiros. Agora, facilmente se pode conectar com outros que comungam interesses e interagir em tempo real. Agora temos lojas virtuais que tudo vendem. Temos sítios que compartilham a informação que procuramos. Temos tudo sobre bicicletas à distância de um click. Temos as ferramentas onde nos divertimos com as histórias que lemos, onde publicamos o que nos dá na gana e contamos as nossas façanhas. Damos dicas, fazemos comparações, enviamos convites, fazemos passeios em grupo, divulgamos percursos, compartilhamos a experiência de andar bicicleta com outros que também pedalam. Acompanhamos conversações online. Podem ser sobre a mobilidade, sobre o desporto, até mesmo conversas da treta com amigos reais ou com quem electronicamente estabeleceu um certo tipo de amizade.
A tradicional loja de bicicletas, que foi noutras épocas o local de encontro para gente que usava a bicicleta como modo de vida, voltou a ser o ponto de encontro predilecto de muitos nós. Lá podemos ver, experimentar, invejar biclas das mais diversas espécies, partilhar aventuras, informações sobre bons percursos, pontos de interesse, de conflito. De lá fazemo-nos à estrada de bicicleta, para ir beber um copo, conviver com outros que como nós respiram ciclismo.
Mais do que uma necessidade, o ciclismo é uma paixão, é um vício alimentado pela vontade de recuperar a humanidade sedentária, intoxicada, perdida na dependência do petróleo. Movendo-se, montado numa bicicleta ou fora da estrada, nas redes sociais, somos o elemento humano na circulação, com o desejo idealizado de mostrar aos outros o quão bem faz pedalar. Demonstrar que temos o direito e a merecida consideração de todos a estar na estrada. Que podemos partilhar o mesmo espaço, ao mesmo tempo, conscientes da presença física um do outro. Tornar a bicicleta mais atraente para os novatos. Atrair mais gente para o grupo, onde os não-ciclistas também cabem. Traduzir a nossa amizade e camaradagem a toda a gente. Extravasar a alegria que é andar de bicicleta porque o ciclista faz o mundo melhor.
Aqui está outra fresca e muito interessante rede de partilha, a bikedataproject.com.