Sempre gostei de ver aquelas velhas bicicletas francesas e inglesas de estilo touring, em que homens e mulheres se aventuravam para lugares distantes, desenhando o optimismo em desenfreadas pedaladas por poeirentas estradas. O bucólico ambiente do Country Side, do golden age da bicicleta e o romantismo da Provence, do antes, durante, e do pós-guerra, dependendo da data da fotografia.
Naturalmente que gostaria de viajar e construir o meu próprio sonho tourer, palmilhar mundo numa randonneira clássica com todos os apetrechos a que ela tem direito. Para mim um dos elementos mais distintos das bicicletas francesas e inglesas estilo touring ou randonneur, são por exemplo os alforges de couro e malas de guiador, tudo isso feito à mão por hábeis artesãos numa cave escura, onde podemos resguardar uma máquina fotográfica, um livro, uma garrafa de vinho e uma toalha de mesa para a merenda. Não é que um saco Ortlieb não tenha a mesma função e não deixe de ser elegante, mesmo que necessite de um rack frontal e/ou traseiro para se segurar, tudo isso junto somando uma bonita e pesada factura.
Até é bem possível que o faça um dia, mas não é fácil encontrar a bicicleta certa, com padrões clássicos, acessórios antigos a preços também antigos. E também não é coisa que consiga do pé pr’á mão, ter a elegância de pedalada numa bicicleta condigna, bem ao estilo de uma era passada. Vai daí juntei a necessidade premente ao facto de ter na minha posse coisas contemporâneas. Combinei acessórios das outras minhas biclas e tornei a minha speeder numa maravilhosa bicla de carga, porque de longo curso já ela é. Para tal, bastou-me desenrascar umas abraçadeiras para a escora e uma espécie de anilha com aperto de espigão com roscas laterais para apoiar o porta-couves. Até que não foi considerada uma má ideia. Sem querer fazer grandes despesas para uma única, longa e desgastante viagem, eu queria aproveitar o que tinha, ter uma bicicleta prática e rápida q.b. E foi este o toque final, perfeito para meu sonho tourer pós moderno.
Encaixado o porta-couves, que com o improviso de um saco plástico serviu também de guarda-lamas traseiro, pendurei-lhe um alforge de 15L. da Decathlon. Para poupar as minhas nádegas às longas horas de rabo alapado, troquei-lhe o selim tipo tábua de passar a ferro pelo Brooks da Alteza. Gamei as luzes magnéticas da bicla do meu herdeiro e acrescentei-lhe outras extra. Com toda essa parafernalia, a gOrka engordou uns quilos mas cumpriu garbosa a sua função.
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