
a bordo do Flor do Gás, uma viagem entre Porto e Gaia, ao sabor do vento
Pedalar pela cidade é, já de si, uma experiência agradável, mas se o fizermos depois de picar o ponto, numa tarde quente de Outono, o regresso a casa é ainda mais saboroso. Desci a Restauração, na bolina, para desaguar no rio, que é D’ouro e que naquele instante resplendecia prateado pelo sol . Na marginal deixei o frenesim do asfalto e assentei as rodas no passeio, ribeirinho, serpenteando por canas de pesca, bicicletas e o povo que circulava num ritmo diferente, descontraído. Turistas de mapas e câmaras fotográficas em punho, acarretando bicicletas para o bucho do “Flor do Gás”, num acrescento de novidade, navegando para a outra banda, apreciando o monumento. O passeio traz vários benefícios, abranda-se o ritmo acelerado, ganha-se tempo para apreciar a paisagem, respirar a maresia, assentar ideias, apanhar sol, saborear um fino enquanto se escutava o gracejar batoteiro de jogadores de sueca. Num simples e demorado percurso a pedais, a nossa vida pode melhorar consideravelmente, pois enquanto o fazemos abstraímo-nos do dia-a-dia e as preocupações passam para segundo plano, ou tendem a não parecer tão relevantes. E se assim não for, há que fazer um esforço para que os obstáculos não perturbem este momento íntimo, este Douro Bike, que é uma pedalada a sós. Um regresso tranquilo a casa, onde se pode apreciar o passeio, vendo e assimilando a cidade, o mundo que nos circunda, vivendo cada forma, cor, brisa, aroma e sensações.
Se eu podia regressar pelo percurso do costume, podia, mas não seria a mesma coisa.