grandes explanações ao segundo pequeno almoço do dia


Entre uma dentada no queque de nozes e um gole no galão, a agradável cavaqueira desenrolou-se ao ritmo de uma pedalada domingueira. Ir para o trabalho de bicicleta era o tema de conversa com duas colegas de olhos esbugalhados e torradas secas a arrefecer nos dedos. Confessaram-me terem bicicletas na garagem, nas quais raramente dão umas pedaladas ao fim-de-semana, mas que usam o popó para entrar e sair do Porto todos os dias. Fui lhes explicando o melhor que pude que usar a bicicleta para as minhas deslocações foi uma superação e esse é um desejo contido para muitos que dão umas pedaladas esporádicas mas que não o fazem diariamente, basicamente por dois motivos:

#1 – Falta de arrojo para utilizar a bicicleta em actividade laboral mesmo com a possibilidade de comutar com outros transportes públicos.

# 2 – Falta de local apropriado para arrumar a bicicleta e se limpar/mudar depois da excursão “ciclistólaboral”.

Estes factores, aliados à falta de infra-estruturas da cidade para se locomover (poucas ciclovias, nenhumas ciclofaixas e subidas a mais), tornam para elas esta prática inviável.

Para não ter que perder aproximadamente 45 minutos de manhã e à tarde, para me oferecer mobilidade e praticabilidade todo o dia, resolvi utilizar a bicicleta nas deslocações urbanas e não só. Expliquei-lhes que procuro ir devagar, tentando não fazer esforço e nem chegar a transpirar, tarefa fácil, uma vez que o percurso é practicamente plano, com a vantagem de estar ao ar livre, aproveitando toda a brisa da manhã. E no final do dia, aproveito ao máximo a possibilidade de voltar a casa e liberto o stress por outros caminhos bem mais tranquilos. Ainda assim todo o trajecto pode ser feito num quarto de hora ou até menos! Ao sair a pedalar do prédio alguns vizinhos não deixam de comentar como acham interessante esta minha opção. Esses comentários tornam-se ainda mais eloquentes quando eu paro no parque da instituição e me perguntam admiradas, porque chamo a atenção ao passar por elas tão ágil, driblando os seus carros parados no semáforo, se o trânsito não me assusta!? Prudência é sempre bom, mas como não estou a disputar nenhuma corrida na realidade não assusta até porque normalmente chego mais depressa do que se viesse de carro.

Na instituição onde trabalhámos temos o privilégio de sanar o problema numero 2, porque temos onde prender a bicla, num poste, grade ou similar, e ainda local para retocar os cabelos. A auto-resistência de pedalar até ao trabalho é muitas vezes um entrave psicológico pois em ambos os casos poderiam fazê-lo, sem esforço e sem chegar a transpirar em bica, bastando para tal que utilizassem também, em cada caso, o comboio ou o metro.

Passada a estranheza, garanti-lhes que o pequeno-almoço saberia melhor sem restrições e, as delas, constantes preocupações de excesso de peso.

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About paulofski

Na bicicleta. Aquilo que hoje é a minha realidade e um benefício extraordinário, eu só aprendi aos 6 anos, para deixar aos 18 e voltar a ela para me aventurar aos 40. Aos poucos fui conquistando a afeição das amigas do ambiente e o resto, bem, o resto é paisagem e absorver todo o prazer que as minhas bicicletas me têm proporcionado.
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apenas pedalar ao nosso ritmo.