Aos domingos de manhã é certinho. Faça chuva ou faça sol lá vou eu na minha bicla desportiva pedalar pela costa até à casa paterna. Lá chegado, ainda dediquei o resto da manhã a pedalar em família. Tivemos sorte. À tarde já chovia a cântaros. Foi quando terminava de prender as biclas ao tejadilho da viatura, para regressar ao Porto, que fui abordado…
Eram três e pedalavam desorientados, encharcados até aos ossos. Não sei de onde vinham mas sei onde queriam chegar. Não é a primeira vez que vejo alguns turistas por ali, perdidos, à procura do parque de campismo para montar as tendas. A rua onde os meus pais residem ainda ostenta o nome de “campismo” que outrora ali existiu. Meti-me no carro e apanhei-os mais à frente, errantes mas determinados a continuar a sua pedalada. No meu inglês macarrónico indiquei-lhes o caminho certo para o Parque Orbitur da Madalena. Acompanhei-os por alguns metros Agradeceram-me e exprimiram emoções.
De volta a casa, vim a comentar com o meu filho o que os move a pedalar tão longas distâncias. Atravessar países com os pés nos pedais e nas condições mais adversas. Andar livremente em bicicletas que mais parecem mulas de carga. A adrenalina que os motiva, a realidade tranquila em comunhão com a natureza. O entusiasmo de sentir a chuva e o vento na cara. Como é agradável não ter pressa e poder apreciar, com a ajuda da aventura e da vontade, o que os olhos e pernas alcançam. São momentos mágicos que não existem em nenhum pacote turístico. Boa viagem meus amigos.
De volta à nossa realidade, faltava-me ainda limpar e arrumar estas belezas.