“tudo bem amigo?!”

à beira da estrada

Á vista de muito “boa gente”, os ciclistas são caracterizados como uns idiotas que se vestem de licra. É um facto acharem que, como malucos imprudentes, os ciclistas violam todas as leis de trânsito! É uma lástima pensarem que, como tipos arrogantes, os ciclistas são os donos da estrada! Perante todo este preconceito de muito “boa gente”, o que me merece trazer à liça é o lado dos ciclistas que os automobilistas nunca parecem ver. Talvez porque simplesmente não sabem o que é ser ciclista, talvez porque eles nem estiveram na disposição de descobrir. Certamente nunca lhes vestiram a licra pele!

Os ciclistas são um grupo variado. Alguns identificam-se pela bicicleta que pedalam. Vestidos no kit completo e estereotipado da licra, os cliclistas formam subgrupos. Pedalam na estrada, na montanha, na cidade, comportando-se de forma consciente das suas convicções e limites. Outros andam de bicicleta por motivos pessoais, vestem roupa comum e envolvem-se no ciclismo mediante as suas necessidades e costumes. A maioria dos ciclistas não é arrogante ou imprudente, e acho que ninguém que pedale seja dono da estrada. Para nós as estradas são feitas para serem partilhadas e essa atitude de partilha transcende visões sobre cujos direitos devem predominar, se automobilistas ou ciclistas.

Os ciclistas têm uma coisa em comum, todos eles andam de bicicleta, e isso cria um vínculo banal entre eles que quem não pedala dificilmente consegue entender. Existem regras no mundo do ciclismo que não estão escritas. Essas regras determinam como os ciclistas interagem uns com os outros e com o mundo ao seu redor. São baseadas na providência, entreajuda, solidariedade. Um vislumbre dentro deste preceito começa com a observação de como os ciclistas reagem a outro ciclista em necessidade. Quando parou na berma da estrada, principalmente quando anda sozinho, um ciclista pode sempre contar com outros ciclistas que lhe perguntam se está bem. Se responder afirmativamente, os ciclistas continuam a sua etapa. Se não, os ciclistas param e oferecem assistência. Essa assistência inclui a troca de um pneu furado, empréstimo de ferramentas para reparar um problema mecânico, cedência do telemóvel para uma chamada de emergência, a simples partilha de comida e água. Se um companheiro ciclista se ferir num acidente param para ajudar. E enquanto uns prestam auxílio outros instintivamente procuram apanhar o carro que provocou o acidente, no intuito de ajudar o ciclista fazer valer os seus direitos. Confesso que já vi de tudo, ciclistas serem auxiliados por automobilistas e ciclistas, inclusive a auxiliar uma automobilista em apuros. Não é novidade, também já fui auxiliado por um automobilista e não foi surpresa nenhuma quando ele disse também ser ciclista!

Sobre paulofski

Na bicicleta. Aquilo que hoje é a minha realidade e um benefício extraordinário, eu só aprendi aos 6 anos, para deixar aos 18 e voltar a ela para me aventurar aos 40. Aos poucos fui conquistando a afeição das amigas do ambiente e o resto, bem, o resto é paisagem e absorver todo o prazer que as minhas bicicletas me têm proporcionado.
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Uma resposta a “tudo bem amigo?!”

  1. o mundo do ciclista é dificil de ser entendido por quem vive dentro duma lata de sardinha com ar frio contaminado. A solidariedade e a satisfação fazem parte deste mundo coisa inexistente para automobilistas que na verdade se autoagridem nas estradas coisa que nem se consegue pensar entre ciclistas. E estamos construindo uma outra realidade ambiental fora o facto (e sou brasileiro, hein) que não sabemos o que é engarrafamento!

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apenas pedalar ao nosso ritmo.

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