“Dia Mundial sem Carro
Ambientalistas e outros irresponsáveis propõem que por um dia, hoje, os carros desapareçam do mundo.
Um dia sem carros? E se o exemplo se espalha e esse dia passa a ser a cada dia?
Deus me livre, e o diabo também.
Os hospitais e cemitérios perderiam a sua maior clientela.
As ruas seriam preenchidas com ciclistas ridículos e peões patéticos.
Os pulmões não conseguiriam respirar o mais saboroso dos venenos.
As pernas, que se esqueceram de caminhar, tropeçariam numa qualquer pedrinha.
O silêncio aturdiria os ouvidos.
As estradas seriam desertos deprimentes.
As rádios, TVs, revistas e jornais perderiam os seus anunciantes mais generosos.
Os países produtores de petróleo seriam condenados à miséria.
Milho e cana de açúcar, agora convertido em alimento para carros, voltariam ao humilde prato humano.”
Texto sarcástico, do escritor, historiador e jornalista uruguaio Eduardo Galeano, sobre a utopia de um dia a nossa sociedade viver sem a dependência do automóvel, retirado de Los hijos de los días, Siglo XXI, Buenos Aires, 2012.
Esta data surgiu em França em 1998 e foi adoptada pela União Europeia no ano de 2000. Já a Semana Europeia da Mobilidade surgiu em 2002 e observa-se todos os anos de 16 a 22 de Setembro. A data celebra-se anualmente e visa sensibilizar a população e autoridades para a necessidade de reduzir o tráfego rodoviário dentro das cidades, de forma a aumentar a qualidade de vida e garantir a sustentabilidade dos recursos naturais, optando por alternativas de transporte menos poluentes como os transportes públicos e bicicletas. Deixar o carro em casa é o principal desafio colocado pela iniciativa, que quer fazer da preocupação com o ambiente e a forma física uma constante de todos os dias do ano, de um modo alegre e informal. Mas o Dia Mundial/Europeu Sem Carros tem vindo a perder relevância em algumas cidades que anteriormente aderiram à iniciativa. Por exemplo, nos últimos anos, na cidade do Porto infelizmente a data parece ter caído no esquecimento.