A revolução industrial permitiu o desenvolvimento das sociedades. Temos a tecnologia, inventamos o automóvel. Estamos a colher daquilo que fomos plantando. Depressivos e mortiços, vamos sobrevivendo nesta incessante crise económica. A sociedade moderna trouxe diversos benefícios e comodidades ao Homem, malfeitorias ao Mundo. Vivemos numa época em que o meio ambiente é continuadamente destruído. O comportamento do ser humano é influenciado pelas facilidades oferecidas pelas tecnologias. É influenciado pelo tipo de oferta de transporte que lhe é disponibilizado e pela valorização ou desvalorização dos mesmos. A tecnologia favorece o sedentarismo. Uma avaliação crítica da sociedade contemporânea à muito que demonstra que passamos por um processo de insustentabilidade, não só ambiental mas também dos estilos de vida, individual e social. O perigo do esgotamento dos recursos naturais compromete não só a nossa qualidade de vida como coloca o planeta em risco. Em nome do progresso, o modo de produção baseado no consumo levou a que o Homem manipulasse e degradasse a Natureza. Para além de ser um grande foco poluidor, a pressão e o excesso de veículos motorizados causa prejuízos físicos e psicológicos.
O conceito da Mobilidade Urbana Sustentável continua na ordem do dia e a bicicleta é parte importante deste conceito, fundamental para as deslocações em meio urbano e suburbano. Há então a necessidade de se adoptar um conjunto de políticas de transporte e circulação que visem proporcionar um acesso amplo e democrático ao espaço urbano, através de prioridade aos modos de transporte colectivo e não motorizados de maneira socialmente aceite e ecologicamente sustentável. Nesta era de vacas mirradas que nos deparamos: a crise ambiental, a crise económica e a crise de mobilidade, entre todas elas há um agente comum: o automóvel. Consequência da má qualidade e a fraca oferta dos transportes públicos, o transporte individual e o aumento de veículos a circular comprometem a qualidade de vida das pessoas que se deslocam em meio urbano e suburbano.
A bicicleta é o veículo ideal para preencher a necessidade de mobilidade. Regularmente usada como meio de transporte em muitos locais espalhados pelo mundo, a barata bicicleta necessita de espaço reduzido para circular, a sua manutenção não requer gastos excessivos, é fiável e simples o que a torna ainda mais atraente. Distinguida consoante o objectivo do utilizador, a bicicleta é essencialmente, um meio de transporte eficaz como alternativa ao automóvel e ao transporte público em meio urbano e suburbano. É uma máquina que funciona em perfeita harmonia com a habilidade do Homem. É notório o crescimento do uso da bicicleta, tanto por jovens como por adultos, para irem trabalhar, estudar, como prática desportiva e de lazer. Nesse cenário a bicicleta emerge como alternativa para uma mobilidade urbana sustentável. Ao ter a bicicleta como um instrumento fundamental do seu quotidiano, além da opção de transporte urbano ecologicamente correcto, ao pedalar promove-se a diminuição do stress, melhora-se o estado físico, bem como os sistemas cardiovascular e respiratório.
Com este texto pretendo apenas chamar a atenção para a importância da bicicleta como elemento essencial à mobilidade urbana. Entre ruas e avenidas, carros e pessoas, é necessário contextualiza-la e dar-lhe o devido destaque. Defender o uso da bicicleta como alternativa às grandes dificuldades económicas e sociais que atravessamos, para o alívio nos congestionamentos do trânsito das grandes cidades, para a sensibilização dos governos e municípios à falta de políticas públicas em favor deste extraordinário meio de transporte. Para a necessidade de agregar o uso da bicicleta através de medidas eficazes e projectos implementados. Não tenho nenhuma formação nessas áreas, apenas sou mais um que impulsionado pela corrente pousou as rodas na terra e com os pés bem assentes nos pedais descobriu que a bicicleta assume diversas finalidades. Com ela a crise passa-me ao lado.