Os automóveis são os veículos dominantes e mais abundantes nas cidades, enquanto as bicicletas são os veículos mais vulneráveis e menos prevalentes nas vias urbanas. Quando se discute os direitos das bicicletas na estrada, em geral as conversas giram em torno das interacções e partilha rodoviária entre ciclistas e automobilistas. Nos tempos que correm, a maioria dos países do primeiro mundo têm vindo a valorizar a coexistência e cooperação rodoviária. Embora essa coexistência tenha vindo a ser promovida, infelizmente ainda não é de todo praticada. Alguns condutores acham-se donos e senhores das estradas e “lutam” contra os invasores do que acham “seu território”. Esses “invasores” serão os ciclistas, mas na medida em que as bicicletas vão circulando só lhes resta mesmo respeitar esses conquistadores de espaço e desistirem da exclusividade da via.
No meio rodoviário, as primas bicicletas e motos têm muito em comum. As motas serão porventura outra espécie invasora, coexistindo no submundo rodoviário desde que o motor foi inventado. No mundo ocidental, a percentagem de utilização da mota como meio de transporte não se sobreporá muito ao tipo de utilização recreativa. Não da mesma forma como são utilizadas em outras partes do mundo, principalmente como meio de transporte rápido e barato. Por exemplo, em muitos dos países chamados do terceiro mundo, a sua prevalência é claramente superior aos automóveis. As motas superam amplamente as bicicletas na maioria dos países europeus, com raras excepções onde o ciclismo é a norma, como na Holanda.
Nas últimas décadas, o aumento dos veículos de duas rodas, com e sem motor, veio trazer outro tipo de paradigma na mobilidade urbana. As motas estão mais próximas das bicicletas, no que diz respeito à economia de espaço, à rapidez e eficácia. Isso reduz o volume de tráfego e, por conseguinte, aumenta a sua fluidez diminuindo os tempos de viagem. A recente proposta para que as motas possam circular nas faixas de transportes públicos aprovada pela Câmara Municipal de Lisboa é positiva, pecando no entanto pela clara e inexplicável omissão das bicicletas, com ou sem motor. Essa medida é desde algum tempo praticada de forma experimental em algumas ruas do Porto, pecando nos mesmos equívocos. Os os ciclistas reivindicam esse proveito, bem como a existência e usufruto de uma ‘caixa de paragem’ na linha da frente das faixas de rodagem e junto dos semáforos, destinada também a motociclos e a ciclomotores, pintada em cor adequada.
Ainda há quem defenda regras separadas para os ciclistas. As bicicletas fazem parte da estrada e os ciclistas que nelas diariamente se deslocam para todo o serviço querem seguir as mesmas regras, com os mesmos direitos e responsabilidades. Os ciclistas devem obedecer às leis de trânsito. Acontece que muitas vezes esse ciclista desrespeita determinada regra, ora porque não a entende na lógica de que a bicicleta não pode prejudicar ninguém, por exemplo se não houver outros veículos ao redor não há mal nenhum se passar um sinal de stop, ou porque não quer arriscar a vida colocando-se numa situação menos perigosa, principalmente quando se trata de parar no semáforo vermelho e aguardar o verde no meio da fila. Devemos estar conscientes dessas coisas, as bicicletas também servem para “descomplicar” e como tal devem caber na rua, na avenida, nas estradas da paisagem urbana. Mesmo que alguns amigos motociclistas teimei em nos ocupar os poucos espaços para estacionar as biclas, a convivência dos utilizadores das duas rodas é “na boa”