Assim é, certamente, o meu perfeito começo de dia. Quer dizer, em parte sinto essa alegria também nas primeiras horas dos dias úteis, mas num domingo preguiçoso tem um sabor diferente. Sem um caminho obrigatório ou horas a cumprir, apenas um cardápio de lugares tão bonitos à escolha onde podemos ir e voltar. Às sete e pouco é uma hora excelente para começar a pedalar. Tem-se uma sensação de exclusividade das primeiras horas da manhã. Acontece que na garupa da bicicleta, aquele amanhecer enevoado é contagiante, o ar puro, a fresca da morrinha e todos os possíveis estímulos abrem demais o apetite de dar ao pedal. Talvez por isso, não foi em ritmo de passeio que nem um par de horas depois, já estávamos em Guimarães.
Depois da reposição de calorias, de desorientação pelo trecho urbano do centro histórico, o limite seria chegar ao topo do Monte da Penha, lugar que me era desconhecido. Lá em cima a vista é bonita demais, dizem, onde se contempla a cidade berço e a verdejante paisagem minhota. A escalada é difícil, mas como um alpinista que chega ao pico e fica fascinado pela paisagem, desoladamente, lá em cima, apenas tentei imaginar o vislumbre da cidade e de quantos lugares incríveis estaria o nevoeiro a esconder. Para partilhar o momento, as bicicletas ficaram encostadas à grade, em pose para a fotografia, enquadras naquele enorme quadrado cinzento, enquanto os ciclistas arrefeciam a carcaça. Estávamos ainda a meio da manhã, com metade da pedalada, assarapantados no regresso por alguns condutores de domingo.