ciclista e peão

ciclovia da Prelada

Eu, como muitos outros amigos ciclistas, sei que ao pedalar temos uma diferente percepção do que nos rodeia. Num contexto mais amplo, tomando como exemplo quando vamos a caminhar ou a correr, o ciclismo afecta positivamente a forma como prestamos atenção a tudo: à via, aos carros, aos peões… Como o número de ciclistas tem aumentado, também tem sido ampliado o atrito entre peões e ciclistas, sendo que, a meu ver, a maior parte da animosidade se encontra do lado do pedestre. Porque a bicicleta é silenciosa, há quem tema os ciclistas. Porque ela é rápida, há quem não nos grame. Porque ela é divertida, “é coisa de crianças”! Há pessoas que desprezam o que não conhecem, o que é diferente e oposto aos seus hábitos e costumes.

Os peões não utilizam a rua da mesma maneira como os veículos, porém, são parte dela. No entanto esquecem-se muitas vezes da presença dos ciclistas. Ao atravessar a rua, fora da passadeira, viram a cabeça e o olhar confirmativo para os veículos a motor, mas distraem-se frequentemente, não dando conta que pode vir um ciclista e ficar em rota de colisão. Há dias senti na pele a aspereza do asfalto porque um peão tonto atravessou a rua a correr e parou espantado, bem à minha frente, quando me viu. Para não o atropelar, desviei bruscamente a bicla, perdi o equilíbrio e não evitei a queda. O cromo receou por mim, reconheceu a estupidez da sua acção e ainda me ajudou a limpar o casaco. Comigo estava tubo bem, a bicla é que ganhou mais uns riscos para a colecção.

Outro quiproquó é quando os peões invadem as ciclovias e vagueiam por ali, sem nenhum cagaço, como se aquilo fosse uma enorme passadeira vermelha! É evidente que alguns ciclistas mostram desconforto e reclamam com quem fica parado, caminha ou corre nas ciclovias. Esse ressentimento é quase sempre resultado da má educação latente e de bocas foleiras que ouvem de muita gente. Esses, não se incomodam se o ciclista tiver de se desviar, se colocar em perigo ao ter de fugir para o meio do trânsito, ou travar de forma insegura para evitar um tipo que, inesperadamente, entrou no seu caminho. Independentemente se é do peão ou do ciclista, causando ferimentos ou lesões graves, a culpa nestas situações imediatamente estica o dedo sobre a parte lesada, protestando contra a imprudência dos ciclistas. Infelizmente, estes incidentes alimentam a chama que incendeia a antipatia contra os ciclistas. Nesses momentos de conflito, assim como os que se verificam entre automobilistas e ciclistas, cabe ao ciclista de alguma forma descomplicar a coisa e reduzir o atrito, estando atento e antecipando as acções dos outros.

Apesar de passar muito tempo a pedalar, gasto muito mais sentado à frente de um computador. Ficar sentado por longos períodos de tempo a olhar para um monitor de computador não é bom para a saúde e, como tal, incorporo a actividade adicional de uma caminhada ou uma corridita de quando em vez. Ao chegar a um cruzamento que quero atravessar, paro, escuto e olho para os dois lados. Procuro estar atento a todos os tipos de veículos, carros, bicicletas, motocicletas, patins em linha… e também reparo nas pessoas em cadeiras de rodas. Eu vi um homem numa cadeira de rodas numa rua movimentada que por pouco não levou uma panada porque um carro estacionado em cima do passeio impedia a sua passagem e, por via disso, circulava na rua. Enfim, para evitar incomodar ou colocar alguém em perigo, enquanto peões, ciclistas ou automobilistas, tornemo-nos cientes das nossas responsabilidades, baseados no respeito mútuo e compreensão. E depois, enquanto nem todos os ciclistas são condutores, todos os ciclistas são peões!

Sobre paulofski

Na bicicleta. Aquilo que hoje é a minha realidade e um benefício extraordinário, eu só aprendi aos 6 anos, para deixar aos 18 e voltar a ela para me aventurar aos 40. Aos poucos fui conquistando a afeição das amigas do ambiente e o resto, bem, o resto é paisagem e absorver todo o prazer que as minhas bicicletas me têm proporcionado.
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Uma resposta a ciclista e peão

  1. Convem não esquecer que a maior parte dessas ciclovas invadidas por peões foram roubadas ao passeio. Devemos respeitar o direito de os peões estarem na ciclovia. As ciclovias deste género não são autoestradas para bicicletas, vejo-as como espaços de convivencia entre peoes e bicicletas. As pessoas devem ter o direito de se movimentarem em qualquer espaço publico e os veiculos mais pesados devem dar sempre prioridade aos mais leves. Se gostariamos que isso fosse verdade a cerca dos carros em relacao as bicicletas então nao devemos prepetuar esses disparates agora entre peoes e ciclistas.

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apenas pedalar ao nosso ritmo.

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