diários de um ciclista urbano numa cidade fantasma

Esta coisa do coronavírus, codvid-19, quarentena, estado de emergência, virou muitas vidas do avesso. Pessoas confinadas ao domicilio, escolas encerradas, fábricas paradas, comércio de rastos. Uma pandemia com efeitos devastadores imediatos.

Por motivos profissionais, o meu dia-a-dia pouco se alterou. A vida continua, e para que vá trabalhar continuo a pedalar, exclusivamente utilizando a bicicleta como meio de transporte, fazendo os meus percursos habituais, observando o Porto, sentindo o pulsar moribundo de uma cidade (quase) fantasma.

O Porto assim tão deserto é o éden rodoviário para o ciclista urbano tripeiro. Mas não, preferia ver a normalidade de uma hora de ponta. Normalidade aparente que se vive no hospital. Qualquer mensagem de apoio dá motivação e compromisso aos nossos guerreiros. Obrigado Super Dragões.

Hora de ponta do chamado “dia útil” é mais calma que uma manhã de domingo! No commute matinal, a certa altura, numa rua momentaneamente sem carros e sem gente, senti-me como um aventureiro do apocalipse.

Diz que em tempo de guerra não se limpam armas e a nossa arma perante tão malévola ameaça é o distanciamento social, a protecção individual, respeitar e acatar as indicações das autoridades. Mesmo que na tua pedalada solitária passe um colega de trabalho, não te aproximes dele e deixa-o ir.

Fica em casa. No fim de semana não podes ir dar a tua demorada volta recreativa, dá asas à imaginação. Olha, dá uma volta nos rolos… Não tens rolos nem o Zwift, coiso, tive uma ideia mas desde já te aviso, evita o rolo da massa, dá uso aos rolos de papel higiénico que açambarcaste e ainda deves ter aos montes.

Evita ao indispensável necessário as saídas higiénicas, passear o cão, o gato, o piriquito, ou então não imitar gente estúpida como os meus vizinhos que andam a butes na ciclovia em amena cavaqueira. Distanciamento social, o qu’é isso? Deixem-se estar que estão bem, cambada de…

🎼 só eu sei porque fico em casa 🎼, no fim de semana porque segunda feira, bute. Mas…

 

Sobre paulofski

Na bicicleta. Aquilo que hoje é a minha realidade e um benefício extraordinário, eu só aprendi aos 6 anos, para deixar aos 18 e voltar a ela para me aventurar aos 40. Aos poucos fui conquistando a afeição das amigas do ambiente e o resto, bem, o resto é paisagem e absorver todo o prazer que as minhas bicicletas me têm proporcionado.
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2 respostas a diários de um ciclista urbano numa cidade fantasma

  1. Nelson Branco diz:

    Raisparta este dias… a falta que os carros nos fazem… a pisar as ciclovias e a estorvar em tudo que é sítio, que falta que faz ouvir – Chega-te pró lado pah!!! Com essas coisas até se podia bem, mesmo sendo “estupidezes”!!!
    Pode ser que quando voltarmos do isolamento as pessoas venham com mais civismo, com mais empatia pelo próximo que neste caso, por nós ciclistas, que tenham aprendido a manter a distância de segurança, que para nós, os ciclistas, nem dois metros são! Que aprendam a não vir “tossir” constantemente as suas “vuzinas” nas nossas trombas.
    Basicamente, de uma forma ou de outra, o que eu queria mesmo era que o bicho fosse pró… espaço!

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  2. paulofski diz:

    Isto assim, para mim, está mais que bom, está melhor que óptimo, está bótimo, mas não… Respira-se melhor, pedala-se melhor… mas não gosto mesmo nada disto. Sim, pode ser que com isto se mudem mentalidades e comportamentos, as pessoas que vivam mais em comunidade e sintonia, sem tiques mesquinhos de uma sociedade egoísta.

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apenas pedalar ao nosso ritmo.

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