Bicicleta A Pequena Rainha
“QUE PORTO QUEREMOS, foi o mote de uma tertúlia organizada pela Campo Aberto há tempos. Com vários oradores convidados a apresentarem a sua visão do que deveria ser a cidade, um deles, Miguel Barbot, não podendo estar fisicamente presente, enviou um contributo escrito…
Nesta rubrica do e-sítio da Campo Aberto dedicada à bicicleta, grande paixão de Miguel Barbot, «a pequena rainha» como lhe chamam em França, ela é o tema central. Iniciamos a rubrica com este texto:
À DISTÂNCIA DE UMA PEQUENA PEDALADA – A MINHA CIDADE
por Miguel Barbot
“Que Porto quero?
Fundamentalmente, quero um Porto urbano. Um Porto que seja cidade e que negue a suburbanidade que minou o seu desenvolvimento nas últimas décadas.
Quero um Porto policêntrico, plural, onde as pessoas possam viver, trabalhar e divertir-se à distância de uma caminhada ou de uma pequena pedalada.
Quero um Porto onde o automóvel ocupe o lugar que merece no mix de mobilidade, sendo a terceira opção, um recurso, e não a primeira.
Um Porto onde os transportes coletivos funcionem e onde as pessoas poderão andar nos passeios e as bicicletas na estrada.
Um Porto onde as pessoas podem atravessar a rua sem medo de serem atropeladas. Um Porto onde os automobilistas não andam inconscientemente com uma arma apontada à cabeça das pessoas.
Um Porto onde as cargas e descargas são feitas nos sítios das cargas e descargas, às horas em que as cargas e descargas devem ser feitas.
Um Porto que não é aquela coisa tristonha que as pessoas veem através da janela do carro e à qual fazem um bypass no seu caminho entre a garagem do escritório e a garagem do centro comercial.
Um Porto onde as pessoas andam a pé e comprem coisas a outras pessoas do Porto e não a «eles». Um Porto em que o merceeiro vende fiado, o marceneiro faz uma cadeira e o serralheiro resolve um problema.
Um Porto afirmado como terra de pessoas que trabalham, com outras pessoas e para as pessoas. Uma cidade de pequenas empresas, pequenos comércios e oficinas, de negócios de proximidade viáveis e com valor acrescentado.
O Porto que quero é um Porto onde as pessoas falam umas com as outras, onde se encontram na rua, naturalmente.””
fonte: campoaberto.pt