o que me motiva!?

Às duas por três gotas de chuva lá vem a mesma pergunta: “não me digas que mesmo com este tempo vens a pedalar!?”. É, porque insisto nisto de pedalar para todo o lado, sejam quais forem as condições, a satisfação ou os motivos, evidentemente que vou de bicicleta!

um ciclista à chuva

A motivação do ser humano para fazer certas coisas não poderá ser enumerada ou psicologicamente quantificada… pelo menos no rigoroso sentido crítico que abarque todas as motivações. Eu sou um ciclista, portista, certamente um maluco das bicicletas! Sei que pedalar me motiva, o que sinceramente ainda não estou bem certo é o porquê! Talvez porque esteja no meu sangue, uma espécie de herança, sair a pedalar e experimentar a aragem amena de uma manhã soalheira. Talvez seja por teimosia em enfrentar a chuva e seguir de bicicleta para o trabalho. Talvez por uma predisposição genética de apreciar o gosto do suor. Talvez tenha uma compulsão psicológica para me fazer transportar e evitar gastar dinheiro em gasolina. Talvez seja maluco… É, parece que sempre sou!

Todo mundo é diferente e, como tal, abomino os estereótipos. Por isso, e não sendo para mim surpreendente, permanecem as generalizações que as pessoas fazem sobre os ciclistas. Antes mesmo de começar o meu discurso retórico, tenho de indagar que critérios se usam para se achar que determinada pessoa é ou não ciclista. Será que é porque essa pessoa lhe apetece e pega numa bicla para passear com o filho nos parques, nas ciclovias ou nos passeios? Será que é porque ele prefere dar umas pedaladas numa bicicleta de estrada, vestindo um kit ajustado e aerodinâmico? Será porque gosta de se aventurar no todo-o-terreno? Ou será simplesmente porque é o tipo de pessoa que opta por se deslocar de bicicleta para o trabalho, assim como a criança que utiliza sua primeira bicicleta para ir e voltar da escola, com a devida permissão dos seus pais? Qual é afinal a classificação de um ciclista? Isso certamente não pode ser dito assim ao de leve, nem seria francamente exigente que cada pessoa que anda de bicicleta não o possa fazer livremente, mas um ciclista é aquele que pedala.

Tudo o que posso dizer é que não dependo do carro para chegar aonde quero ir. Também gosto de conduzir em estrada livre, acelerar a fundo, ultrapassar, sob um tejadilho com sofagem e buzina, mas em consciência isso torna-me um egoísta. Conduzir na cidade torna-me tenso e stressado. Parado no meio de um engarrafamento sinto necessidade de murmurar coisas horríveis, perco a calma e o controlo das minhas acções. Por mera arrogância ou quando algo não vai ao jeito de quem vê o tempo passar, vejo imensos disparates ao volante. E então na condição de ciclista sou testemunha disso todos os dias. Baseado na minha experiência, ao volante de um carro, a minha linha de pensamento é que todos os outros automobilistas são patetas. Sendo assim já não me importo de também estereotipar os automobilistas. Em vez disso sigo na biciceta e toco à campainha!

campainha à chuva

Sobre paulofski

Na bicicleta. Aquilo que hoje é a minha realidade e um benefício extraordinário, eu só aprendi aos 6 anos, para deixar aos 18 e voltar a ela para me aventurar aos 40. Aos poucos fui conquistando a afeição das amigas do ambiente e o resto, bem, o resto é paisagem e absorver todo o prazer que as minhas bicicletas me têm proporcionado.
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2 respostas a o que me motiva!?

  1. Muito bem!
    Se tivesse conta na WordPress, clicava “gosto” em vários posts. Mas, embora raramente comente, sigo o blogue e só lhe posso dar os parabéns!
    Na Alemanha, onde vivo, não é nada estranho ver ciclistas à chuva 😉

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  2. paulofski diz:

    Muito obrigado Cristina. Felizmente por cá já se vai vendo mais ciclista a aventurar-se à chuva. Volte sempre.

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apenas pedalar ao nosso ritmo.