reciclando [12] quem tem medo compra um cão

Maciej Dakowicz photopraphy

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Para além de uma certa perícia, pedalar exige bastante equilíbrio. A partir do momento que faz da prática uma constante, toda a gente é capaz de adquirir a habilidade necessária para andar de bicicleta. Ou seja, quanto mais pedalar, mais equilíbrio, mais perícia, mais confiança se vai ganhando. Como tudo na vida é um processo evolutivo. As dificuldades iniciais deixarão de existir principalmente de houver insistência e dedicação.

Ter uma queda ao pedalar é perfeitamente normal. Não há nenhum ciclista, do menos ao mais experiente, que não tenha dado um trambolhão. Quer seja por insegurança, falta de sorte ou excesso de ousadia, todos já caíram. A insegurança e o medo são factores bloqueadores. Quando dominada pelo medo, a pessoa tende a não raciocinar correctamente, fica intranquila e não consegue fazer os movimentos correctos. Para perder o medo e se sentir mais seguro é necessário enfrentar esse medo e praticar. Em local tranquilo, sem circulação automóvel, com o auxílio de alguém mais experiente, vai-se ganhando auto-confiança. Adquire-se o respeito pela bicicleta, conhecimento das técnicas do pedal: saber virar com segurança, como e quando travar, trocar de mudanças, etc.

A bicicleta não morde, é nossa amiga. Uma vez sentado no selim, a bicicleta torna-se a extensão do nosso corpo e com ela formamos um conjunto cadenciado. De início não pretenda dominá-la, use apenas o movimento correcto do corpo para ficar em harmonia com a máquina. Muitas vezes o medo advém do meio e trânsito circundantes, dos obstáculos, das descidas… À partida, a bicicleta está preparada para ultrapassar sem dificuldades a maioria desses obstáculos. Portanto, a partir do momento em que pedale sem receios por locais calmos, com um sentimento de segurança e confiança, vai controlar melhor a bicicleta, permitindo que faça o seu percurso livremente.

Do lado oposto está exactamente o excesso de confiança e a negligência. Na medida em que cresce a auto-confiança, quando julgamos que já dominamos a bicla, vem a tendência de nos tornarmos confiantes em demasia, sendo até negligentes, pela falta de cuidado e arriscar em demasia. Não há nada mais delicioso do que descer a toda a velocidade. O vento na cara, a adrenalina, o coração disparado, o prazer e a sensação de poder que a bicicleta nos dá. É, tudo isso é muito bonito mas, certamente que as probabilidades de termos um acidente são proporcionais ao risco, embora haja ocasiões em que é o factor imprevisibilidade que nos deita ao chão. Mas que diacho, para isso também não saíamos de casa, não é mesmo!

Apesar das nódoas negras e dos arranhões, o ciclismo trás muito mais benefícios. Seja em que estágio se estiver, é importante saber que a bicicleta é um meio de conhecer e dominar os nossos receios. Por vezes são memórias desagradáveis da infância que causam o pavor à bicicleta. Nas competições profissionais de ciclismo vemos muitos acidentes durante as corridas, desagradáveis às vezes, mas esses são ciclistas profissionais, que pedalam praticamente encostados uns aos outros, a alta velocidade e por descidas íngremes. Essas ocorrências não devem contribuir para que as pessoas se deixem dominar e ampliem o seu receio em andar de bicicleta. Substituindo os sentimentos negativos pelos sentimentos positivos, temos o poder e a capacidade de decidir o que fazer com as nossas fobias. A decisão é somente nossa. É como dizia o meu avô, “quem tem medo compra um cão”…

Sobre paulofski

Na bicicleta. Aquilo que hoje é a minha realidade e um benefício extraordinário, eu só aprendi aos 6 anos, para deixar aos 18 e voltar a ela para me aventurar aos 40. Aos poucos fui conquistando a afeição das amigas do ambiente e o resto, bem, o resto é paisagem e absorver todo o prazer que as minhas bicicletas me têm proporcionado.
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2 respostas a reciclando [12] quem tem medo compra um cão

  1. Nelson Branco diz:

    Excelente texto. Na verdade já tive uma queda de bicicleta que me marcou física e psicologicamente… no entanto, o vento a bater no rosto provoca um sorriso que vence qualquer receio, qualquer medo, qualquer marca.

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  2. paulofski diz:

    Obrigado pelo teu comentário Nelson. Eu perdi a conta aos tombos que dei na bicla, mas tive a sorte de nenhum deles me ter deixado marcas duradouras. Todos acabaram por ser uma espécie de “beber”, cair e levantar 🙂

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apenas pedalar ao nosso ritmo.